quinta-feira, 2 de agosto de 2012











Encontrámos no blogue "Braga agora"  -  clicar aqui  -  referências a Bernardino Machado, que vamos reproduzir, com a devida vénia.

Os rostos da República de A a Z: Bernardino Machado (1)

Um minhoto de se tirar chapéu

Depois de falarmos de Afonso Costa e do caminhense Sidónio Pais, abrimos agora um capítulo sobre o famalicense Bernardino Luís Machado Guimarães. Dele, dizem os seus biógrafos que era em tudo (menos no ideário republicano) o oposto de Teófilo Braga: bonito, aprumado, rico, pai de família, vaidoso, cavalheiro, ambicioso. Tratava os seus piores inimigos por "meu queridíssimo amigo".
Bernardino Machado foi sempre um lutador, sem deixar de ser galante, tirava o chapéu a toda a gente que o cumprimentava.
Joel Serrão retratou-o assim no "Dicionário da História de Portugal" (p. 867): "Político dos mais notáveis da 1.ª República Portuguesa, Bernardino Machado foi um cidadão exemplar no rigoroso cumprimento dos seus deveres e na defesa intransigente dos seus direitos".
Há inúmeras caricaturas sobre este curioso hábito do 3.º Presidente da República portuguesa, como da sua numerosa prole, que inspirou inúmeros desenhos a Rafael Bordalo Pinheiro e a Francisco Valença, entre outros.
O primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros da República, Bernardino Luiz Machado Guimarães, nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de Março de 1851, filho de pai português e de mãe brasileira.
Regressando a Portugal, aos 9 anos, a família estabeleceu residência na freguesia de Joane, Famalicão, onde possuía alguns bens de fortuna. Em 1872, aos 19 anos, atingindo a maioridade, o futuro estadista, declarou na Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão que optava pela nacionalidade portuguesa.
Vocacionado para uma carreira científica, pedagógica e política tão brilhante quanto invulgar, nunca enjeitou a sua ascendência popular e nortenha, apesar de o pai ter entretanto adquirido, por decreto real, o título de Barão de Joane.
Com 28 anos de idade, era já catedrático na Universidade de Coimbra. Desempenhava as funções de Professor universitário, acumulando a regência de várias cadeiras com outros cargos ligados àquela instituição de ensino.
Rogério Fernandes sustenta que “o pensamento e a acção de Bernardino Machado tem como pólos essenciais a democratização do acesso ao ensino, em condições de igualdade e a transformação dos seus conteúdos em ordem a ligá-los à vida, ao trabalho, à ciência, à cultura...”.
Como político, Bernardino Machado foi Deputado Regenerador (desde 1882 até 1886), Par do Reino (1890 até 1894), Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria (1893).
Em 1903 aderiu ao Partido Republicano. Proclamada a República, desempenhou, sucessivamente, os cargos de Ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo Provisório (1911., Senador, Ministro de Portugal no Brasil (1912), Chefe do Governo (1914) e Chefe de Estado (1915 a 1917).
Foi deposto de Chefe de Estado e exilado em França. Regressou a Portugal em 1919 e, pela segunda vez, percorreu os cargos de Senador, Chefe do Governo e Presidente da República (1925).
Em 28 de Abril de 1944, terminava uma vida conduzida até ao fim pelo perfil que desde sempre o caracterizou: “O homem público só para os outros vive, consumindo-se”.
Está sepultado no Cemitério Municipal de Vila Nova de Famalicão e está intacta a casa de seus pais na Vila de Joane, no lugar de Cividade. Na cidade de Vila Nova de Famalicão, nasceu, entretanto, no Palacete Barão da Trovisqueira, o Museu Bernardino Machado.






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