Meus Pais trocavam correspondência, com frequência, com meus Avós, que, no exílio, iam assim tendo notícias da nossa Família. As saudades e a sua bondade estavam sempre expressas nas cartas.
Três das minhas irmãs chegaram a permanecer por algum tempo junto dos Avós e Tias, em Paris e Beyris.
Conservo recordações e a correspondência desse tempo. Lembro que numa das cartas meu Avô se refere à minha participação na Mocidade Portuguesa.
Quando da fundação desta organização oficial em 1936, frequentava o ensino secundário no Liceu Camões. Meus irmãos mais velhos foram dispensados, pela idade, de se inscreverem na Mocidade Portuguesa, o que não aconteceu comigo, que naquela data tinha 12 anos.
Meu Pai quis esclarecer-se sobre a organização juvenil criada. Marcelo Caetano que era Director dos Serviços de Cultura e Formação Nacionalista da Mocidade, tinha sido aluno de meu pai no Liceu Camões e morava na Rua Fernão Lopes, perto da nossa residência. Recordo ter acompanhado meu Pai na visita que fez a Marcelo Caetano, que lhe teria definido a Mocidade Portuguesa como uma organização patriótica, inspirada no escutismo de Robert Baden-Powell.
Cheguei a ter farda e desfilado ao som do Hino da Mocidade…
Por isso Bernardino Machado escreveu nessa carta para meu Pai, referindo-se a mim: “Quanto estranho que por vezes nas brincadeiras se torne “excessivo, quase violento”! Nunca o vi assim em La Guardia. Não será talvez efeito da farda? Os ingleses preferem aos exercícios militares os desportos, muitos deles jogos atléticos que foram primitivamente bélicos mas se transformaram em torneios pacíficos de briosa emulação juvenil.”
Sem comentários:
Enviar um comentário