Bernardino Machado após ter tomado posse como Presidente da República |
5 de OUTUBRO de 2015
Centenário da investidura de Bernardino Machado como Presidente da República -
5 de Outubro de 1915
Legado cívico e cultural
de Bernardino Machado
A doutrinação republicana intensificou - se à escala
nacional nas comemorações dos centenários de Camões em 1880, do marquês de
Pombal, de 1882 e da descoberta marítima da Índia, em 1899. Teve expressão
significativa nas reações ao Tratado de Lourenço Marques, de 1881, ao Ultimatum
de 1890; no relançamento do Partido Republicano em 1890; e na revolução do 31
de Janeiro, no Porto.
Bernardino Machado – que há 100 anos ocupava, pela primeira
vez, a Chefia do Estado -- é uma das personalidades que, na viragem do seculo
XIX para o seculo XX, tem uma acção preponderante entre os intelectuais e
políticos, que abriram caminho para o 5 de Outubro.
A partir de então destaca – se no protesto contra a ditadura
de João Franco em 1907/1908 e no apoio solidário à greve académica de 1907. Os
resultados estimulantes das eleições legislativas e municipais geraram uma
força imparável para derrubar a monarquia. Conjugaram – se a intervenção da
Maçonaria e da Carbonária; o movimento da emancipação das mulheres e a acção
dos grupos sindicalistas e anarquistas.
Implantada a Republica, Bernardino Machado, como Ministro
dos Negócios Estrangeiros, promoveu e desbloqueou as relações internacionais,
ao mesmo tempo que se efectuaram reformas decisivas em todos os graus do
ensino, a introdução do registo civil e do divórcio, a regulamentação do
trabalho e do inquilinato e o estabelecimento da separação do Estado das
Igrejas.
Norberto Cunha e Manuel Sá Marques, prosseguindo notáveis
trabalhos, por exemplo, da autoria de Jaime Cortesão, António Ramos de Almeida
e A H Oliveira Marques têm investigado, em pormenor, o trajecto de Bernardino
Machado, em múltiplas circunstâncias políticas e sociais.
Detiveram – se na análise e documentação de situações pouco
conhecidas e outras até ignoradas e que representam acontecimentos históricos,
na época da ruptura com as instituições monárquicas e da estruturação do regime
republicano, no período nas lutas travadas perante as ditaduras de Pimenta de
Castro, de Sidónio Pais e do Golpe militar de 28 de Maio de 1926 que pôs termo
à Iª Republica.
Sofrendo as contrariedades e inquietações do exilio, na
Espanha e na França, ao lado de numerosos republicanos e antifascistas,
Bernardino Machado manifestou oposição irredutível a Salazar e ao seu governo
repressivo e anti - democrático. O combate prolongou – se até às vésperas da
morte de Bernardino Machado em 29 de Abril de 1944, com mais de 90 anos.
Lúcidos e enérgicos.
Todo este legado de afirmação entusiástica e de resistência
firme de Bernardino Machado inseriu – se na fidelidade a um «código
doutrinário», a «um programa de «convergência de vontades» e de «reorganização
nacional”. É um património cívico e cultural que o 25 de Abril nos restituiu e
continuamos a acreditar. Apesar de graves condicionalismos - como os que
estamos a suportar neste momento – constitui a resposta aos desafios do
presente e às solicitações do futuro.
António Valdemar
Bernardino Machado à chegada ao Palácio do Congresso da República para a cerimónia de tomada de posse |
Bernardino Machado no Congresso da Republica no acto de posse |
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