Decorreu, conforme o programado, no Museu Bernardino Machado, no dia 14 de Fevereiro, a primeira conferência do VII Ciclo de Conferências de 2014 (com a temática “Ideias e Práticas do Colonialismo Português”), tendo sido o conferencista o Prof. Adriano Vasco Rodrigues. Investigador do Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Letras do Porto, o Prof. Vasco Rodrigues considerou que “as nossas colónias não foram paraísos” e, por outro lado, recorrendo à autoridade historiográfica, “não é nas colónias que o império se perde; é na metrópole”.
Anunciando o processo da colonização no seu processo inicial face aos descobrimentos, o Prof. Vasco Rodrigues, para além de analisar o processo de descolonização a seguir ao pós-25 de Abril, considerando que a colonização não acabou, mas continuando noutros moldes, evocou que o que então aconteceu no início do século XX foi a “rapina de África” dos estados europeus face ao seu mesmo imperialismo.
Se numa fase inicial os portugueses se fixaram ni litoral (caso de Angola), só numa fase posterior foram-se deslocando para o interior, através dos missionários e dos “pombeiros”, isto é, dos vendedores ambulantes.
Considerando a sua experiência pedagógica e científica, nomeadamente influenciado pela pedagogia francesa através dos “Cahiers Pédagogiques”, salientou o Prof. Vasco Rodrigues que, quando saiu de Angola, esta detinha 11 liceus, face aos 4 quando chegou.
Salientou que Portugal foi o primeiro país europeu a ter o ensino primário obrigatório em Angola. Em termos sociais, Angola era a “terra das macas”, isto é, era a terra das irritações, das zangas, das explosões, das invejas, tudo isto provocado pelas sucessivas depressões.
Para além do problema da compreensão da linguagem (verificado na política da integração), a sociedade angolana era uma terra de bom-humor, da má-língua contundente, assim como de uma fantástica solidariedade.
A prepotência dos quadros administrativos, o desconhecimento da lei, a demora das respostas face aos processos administrativos de Lisboa, eram igualmente outras características da sociedade angolana.
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