VII
A INSTRUÇÃO POPULAR
SOCIEDADES PARTICULARES DE INSTRUÇÃO
A SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO DO PORTO
«[…] a Sociedade de Instrução celebrou exposições, exposição dos modelos de gesso do Liceu do Porto em Julho de 1881, exposição de história natural em Outubro do mesmo ano, exposição de camélias em Lisboa em Março de 1882, exposição de pedagogia froebeliana em Abril imediato, exposição de industrias caseiras em Maio e exposição de cerâmica nacional em Outubro do mesmo ano e, para que a consulta destes grandes documentos vingasse todos os seus proveitos, a Sociedade animou as suas exposições com trabalhos práticos de rendeiras de Vila do Conde, Viana do Castelo e Peniche, de oleiros do Porto e seus arredores, etc., de modo que o visitante entre a matéria-prima e o artefacto encontrasse o processo. Ela celebrou centenários, o centenário de Frederico Froebel em 22 de Abril de 1882, o centenário de Pombal. E – não contente ainda de ter ministrado as noções das cousas [sic] e dos ofícios nas suas exposições e as noções não menos úteis dos homens e do civismo nas suas comemorações –, entendendo que importava tornar permanentes as exposições, acumulou colecções científicas, colecções artísticas e industriais e colecções pedagógicas, às quais só falta casa para constituírem um magnífico museu e, entendendo que importava perpetuar as memórias ilustres, começou por abrir uma subscrição para se levantar um monumento ao Infante D. Henrique.
Não é tudo. Formou uma biblioteca; promoveu a criação de um curso de desenho e de modelação para os oleiros do Porto, auspiciando-o logo com a promessa de prémios para os alunos operários distintos; espalhou indicações e conselhos acerca da organização, dos métodos e dos livros do ensino primário e primário técnico; e, finalmente, propôs-se ela mesma a fundar a escola elementar de artes e ofícios e a escola primária inicial, o jardim da infância.»
«Bastariam os intuitos desta instituição sós de per si para nos alentarem esperanças de restabelecimento intelectual e social, porque eles demonstram que não é irremediável o nosso mal-estar.»
«Esta sociedade foi criada em 1880, aprovando os seus estatutos em dia 8 de Maio; deliberadamente independente de quaisquer instituições ou apoios oficiais, assim como de discussões de índole religiosa ou política, tinha por objectivo – segundo os supracitados estatutos – “concorrer para o progresso da instrução pública em geral e, em especial, para a instrução pública do país”, especialmente “promover imediatamente a instrução dos sócios nos diferentes ramos das ciências, mediante a [sua] difusão (…) e determinantemente aperfeiçoar e desenvolver os métodos pedagógicos, contribuindo deste modo, quanto possa, para o aperfeiçoamento das ciências e para as suas aplicações ao bem-estar da humanidade”, sem esquecer a protecção aos esforços em prol da ciência em Portugal e da exploração científica do país e dos seus domínios ultramarinos. Como meios para realizar este desiderato, a Sociedade preconizava a realização de conferências, prelecções, cursos livres, viagens e explorações científicas, congressos, publicações (especialmente de divulgação) e atribuição de prémios.» (Norberto Cunha, 2013).
“A Sociedade de Instrucção do Porto”, In Diário da Câmara dos Senhores Deputados, Lisboa, Sessão de 6 de Abril de 1883; tb. in O Ensino, Coimbra, Typographia França Amado, 1898; tb. in Affirmações Publicas: 1882-1886, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1888; tb. in Homenagens, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1902.
·
O INSTITUTO DE COIMBRA
«O Instituto de Coimbra, que já pelo seu boletim mensal descerrava o saber dos seus sócios ao largo público, julgou-se também na obrigação de abrir aulas para a classe operária desta cidade, oferecendo-lhe, com elas, a sua casa e a sua convivência; e a direcção a que presido, tanta importância liga ao novo serviço projectado, que o inaugura com esta sessão solene, em que, a seu pedido, o digno lente da Faculdade de Medicina, o Sr. Dr. Adriano Xavier Lopes Vieira, que é um dos nossos mais insignes naturalistas, fará o elogio do trabalho em nome da higiene.»
«O Instituto foi uma academia científica e literária, fundada em Coimbra, em 3 de Janeiro de 1852, cujos estatutos foram, oficialmente, publicados só no início da década seguinte (e objecto de sucessivas reformulações posteriores), tendo 4 categorias de sócios (efectivos, honorários e correspondentes nacionais e estrangeiros). Tinha como objectivos a cultura das letras, das ciências e das belas-artes. Para alcançar este desiderato funcionou em três secções temáticas (as ciências morais e sociais, as ciências físico-matemáticas e, por fim, a literatura e as belas-artes), tinha uma revista (“O Instituto”, cujo 1.º número saiu em 15.III.1852), uma biblioteca, um gabinete de leitura e uma sala de conferências. O Instituto desempenhou um importante papel nos movimentos científicos e literários da segunda metade do nosso século XIX, sendo sempre considerado como extensão universitária, devido à continuada colaboração que lhe prestaram os professores da Universidade. Entre as suas iniciativas que merecem destaque, assinalemos a criação de cursos de instrução popular (onde ensinaram Bernardino Machado, Afonso Costa, Manuel da Silva Gaio, etc.), a série de conferências que promovia, anualmente, os actos comemorativos (como o de Garrett) e os artigos publicados na revista. Bernardino Machado começou por ocupar o lugar de vice-director da Classe de Literatura e Belas-Artes (entre 1877 e 1880), assumindo mais tarde (em 26 de Maio de 1896) o cargo de presidente da Assembleia-Geral, e, através de sucessivas reeleições, manteve-se no cargo ainda na primeira década de 1900. Deve-se à sua direcção a admissão de várias mulheres, como sócias (de que são exemplos, Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaelis de Vasconcelos, Amélia Janny e Domitília Miranda de Carvalho).» (Norberto Cunha, 2013).
“Organização do Ensino, Socialização do Ensino”, in A Socialisação do Ensino, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1897; tb. “Organização do Ensino: A Socialização do Ensino”, in O Ensino, Coimbra, Typographia França Amado, 1898; tb “Extensão Universitária”, in A Universidade de Coimbra, 2.ª ed., Lisboa, Editor-Proprietario, Bernardino Machado, 1908.
·
A ACADEMIA DE ESTUDOS LIVRES
«A Academia dos Estudos Livres, de Lisboa, é a obra entusiástica dum grupo de homens novos pertencentes a profissões diversas, mas todos intimamente unidos no seu empreendimento pela mesma ardente paixão da liberdade e da pátria. Deles devem, sobretudo, mencionar-se dois dos seus primitivos directores, Bartolomeu Rodrigues e Miguel de Seixas, porque, mais do [que] a ninguém, a esses, às suas tão porfiadas como insinuantes diligências e aos seus sacrifícios pessoais, se deve o lugar de honra que, logo de princípio, a Academia tomou entre as nossas instituições de ensino.
Irresistivelmente, em volta deles, animados do mesmo fogo sagrado, vieram congregar-se muitos moços de grande valor saídos das escolas ou apenas entrados no seu magistério, e até vários homens já de consumado saber, entre os quais, alguns estrangeiros tão adictos ao serviço da nação como se fossem seus filhos. E não só a instrução difundiam sobre todas as classes os generosos membros deste corpo docente, a que tive a fortuna de presidir; mas também a educação, pelas lições da sua convivência e do trato com tantas pessoas de forte autoridade moral que vinham incorporar-se no seu auditório para lhes patentear a sua simpatia e aplauso. O próprio João de Deus, no período de enclausuramento em que todo se consagrava ao apostolado da sua Cartilha Maternal, me lembro de lá ter visto, assistindo a uma das minhas conferências
Para mim, a Academia dos Estudos Livres foi sempre um centro de cordialidade, onde tenho passado algumas das horas mais gratas da minha vida.»
«A Academia de Estudos Livres foi fundada em Lisboa, em 1889, por dois alunos do Instituto Comercial e Industrial de Lisboa, Francisco Bartolomeu Rodrigues e Miguel Seixas: o primeiro, empregado na Câmara Municipal de Lisboa e o segundo empregado de comércio, tendo a nova instituição, como seu presidente, Bernardino Machado. A Academia começou por se instalar num andar, no Arco de Sá da Bandeira, mas devido à grande afluência de participantes nos cursos e conferências, teve de procurar novas instalações; consegui-as no Calhariz – por empenho de um dos seus sócios (o n.º 101, Bernardino Machado) e concessão do Governo – nas ruínas do Palácio do Conde de Sobral, pertencente ao Estado (quase todo destruído por um incêndio), onde, com muita abnegação e sacrifício, os sócios e alunos da Academia (entre os quais muitos operários) recuperaram algumas salas, onde passaram a realizar-se cursos de línguas, ciências e artes, ministrados pelo “escol intelectual” da capital, que, espontaneamente, acorreu a dar a sua ajuda a esta instituição. Tempos depois, o Governo precisou do palácio, para instalar a Caixa Geral de Depósitos. E uma vez mais Bernardino Machado – o verdadeiro patrono da Academia – veio em seu socorro, arranjando-lhe novas instalações, na rua Serpa Pinto, num prédio contíguo ao Teatro S. Carlos, onde permaneceu vários anos. Estava, então, no poder João Franco, que tinha entre os seus objectivos uma reforma do ensino secundário com o estabelecimento do regime de classes (reforma que se veio a concretizar em 1894/95 sob o nome de reforma de João Franco/Jaime Moniz). Tendo em conta esse objectivo, a Academia de Estudos Livres promoveu, no seu espaço, um debate sobre essa reforma governamental, começando por aqueles que a contestavam. E se não se seguiram, depois ou intercaladamente, os defensores da reforma foi porque não apareceram na Academia. A verdade, porém, é que João Franco não gostou da abertura da Academia ao debate da sua reforma, e desalojou-a das instalações em que estava, na sequência das conferências do pedagogo José Augusto Coelho, abrindo uma crise na instituição que só reabriu as suas portas, por iniciativa de alguns antigos sócios, em 1897. Na sua 1.ª fase, ou seja, até ao seu desalojamento por João Franco, a Academia teve uma obra altamente meritória, promovendo inúmeras conferências e excursões científicas. Quando foi o Ultimatum de 1890 associou-se aos protestos anti-britânicos, publicando uma brochura intitulada Subsídios para a Grande Subscrição Nacional, onde, entre outros, colaborou Bernardino Machado. Nesta 1.ª fase, a Academia preocupou-se mais com a propaganda científica, o que era conforme ao espírito da época. Nas elites avançadas havia a convicção de que as grandes mudanças a fazer, no sentido do progresso dentro da ordem, passavam quer por uma educação científico-técnico do povo, quer pela exigência desta como condição prévia da sua liberdade e cidadania. Daí a aposta da Academia na propaganda e na divulgação científicas. Nesse sentido – ainda nas antigas instalações do Palácio de Sobral – se ministraram cursos livres de história natural, matemática, francês, inglês, alemão, espanhol, geometria, geografia e história, física e química, português arcaico, educação e ensino, esgrima, entre outros, ensinados por notáveis professores e pedagogos – como Câmara Pestana, Henrique Schindler, Joseph Benoliel, Adolfo Coelho, o Visconde de Ouguela, Sertório do Monte Pereira, Bernardino Machado, Leite de Vasconcelos, José Martínez, Aniceto Fusilier, Salomão Sáragga, Assis Lopes, Hugo de Lacerda, Adolfo Coelho, Gonçalves Viana, Eduardo Neuparth, Manuel Cid, entre outros; e foram feitas várias excursões nos arredores de Lisboa: umas geológicas, dirigidas por Paul Chofatf; outras zoológicas, dirigidas por Alberto Girad; outras botânicas, dirigidas por Jules Daveau; e outras arqueológicas, dirigidas por Leite de Vasconcelos. Em Abril, começou o ciclo de conferências que o prof. Cincinato da Costa dedicou aos vinhos, azeites, lacticínios, etc., que atraíram imensa gente. Também as prelecções sobre os problemas da indústria agrícola, ministradas pelo dr. Sertório do Monte Pereira, atrairão inúmeros ouvintes. Seguidamente, sob a regência do dr. Câmara Pestana, foram feitas uma série de palestras médicas sobre bacteriologia e biologia; sobre antropologia, por Silva Teles; sobre higiene social, por Silva Carvalho; sobre psicologia, por José de Magalhães e sobre sociologia, por Francisco Reis Santos. Na segunda fase da vida da Academia, ou seja, depois de 1897, foram inúmeras as conferências (Teófilo Braga, Adolfo Coelho, José de Magalhães, José Augusto Coelho, Marques Guimarães, Francisco Luís Pereira de Sousa, Vieira Guimarães, Aniceto Mascaró, Manuel de Arriaga, Miguel Bombarda, Cardoso Pereira, Xavier da Costa, Sabino Coelho, Fernando Matos Chaves, Silva Teles, Eduardo Burnay, Anacleto de Oliveira, Xavier da Cunha, Cunha e Costa, Zeferino Cândido, Reis Santos, Ladislau batalha, Agostinho Fortes, Abel Botelho, Henrique Lopes de Mendonça, Sá Oliveira, Aníbal Bettencourt, entre outros), as excursões artísticas – dirigidas pelo arquitecto Adão Bermudes, ao Mosteiro da Batalha e dos Jerónimos, ao Convento de Tomar e à Torre de Belém –, as excursões científicas, os concertos musicais, as excursões culturais (a Odivelas, Alenquer, Arrábida, Setúbal, Palmela, Buçaco, Santarém, Mafra, Évora, Coimbra, Porto, Braga, Viana do castelo, Valença, Tuy, Vigo, Guimarães, Caldas, Vizela, Figueira da Foz, etc.) e as visitas (ao Castelo de S. Jorge, à Casa de Correcção de Caxias, ao Sanatório da Parede, a vários museus – como o de Arte Antiga e dos Coches) – aos Jerónimos, à Casa Pia, à Biblioteca Nacional, à Torre do Tombo, ao Instituto Bacteriológico, à Fábrica de Vidros da Amora, aos Lanifícios de Arrentela, às Moagens do caramulo, à Companhia de Gás e Electricidade, à Companhia Carris de Ferro de Lisboa, etc., etc. A academia ministrou, ainda, um Curso de Química, na Escola Politécnica, pelo dr. Aníbal Bettencourt; um Curso de História, ministrado por Agostinho Fortes; um Curso de Sociologia, ministrado por José Augusto Coelho; e um conjunto de Lições de Química, ministradas pelo dr. Cardoso Pereira. A Academia celebrou, ainda, os centenários de Alexandre Herculano, do 2.º Visconde de Santarém, de Lincoln e a publicação do D. Quixote. E foi fonte de inspiração quer da criação da Liga da Educação Nacional e da Sociedade de Estudos Pedagógicos, quer da criação da Universidade Livre e da Universidade Popular de Lisboa. Devem-se-lhes inúmeras publicações, mas é, pelos seus Anais, que melhor podemos conhecer a obra que realizou. Parece, pelo seu modo do funcionamento e pelo tipo de saberes ministrados, que a Academia pretendia ser uma réplica, ainda que em miniatura, da Instituição Livre de Ensino (Madrid), tão cara a Bernardino Machado. A Academia tinha ainda cursos permanentes: a instrução primária, o ensino das línguas portuguesa, francesa e inglesa e a escrituração comercial; e teve, durante alguns anos, um curso de admissão às Escolas Normais. É verdade que os seus corpos gerentes sabiam que não eram essas as finalidades das Universidades Populares. Tinham, porém, de manter as aulas nocturnas porque eram úteis e ajudavam a instituição. Junto da Academia funcionou, também, diurnamente e sob inspecção de um delegado seu, a Escola Primária Marquês de Pombal, dirigida pela professora D. Albertina Cordeiro e tendo três professores no seu corpo docente. A escola tinha médico, professor de ginástica e cantina escolar. Mas a maior especificidade da Escola era a Classe Maternal, para crianças dos 4 aos 7 anos, dirigida pela directora D. Albertina Cordeiro. Também em Braço da Prata, a Academia teve uma secção votada à instrução (a Escola Primária José Domingues Martins), com aulas diurnas (para ambos os sexos) e nocturnas (para adultos). (Norberto Cunha, 2013).
“A Academia dos Estudos Livres”, in Homenagens, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1902.
·
SOCIEDADE MARTINS SARMENTO
Le distingué écrivain Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento, savant archéologue de Guimarães, oú ii découvrit les ruines du Sabrozo et de la Citanie, obtint du gouvernement français – aprés la visite à ces intéressantes stations archéologiques et leur rentrée chez eux des membres du Congrès International d`Archéologie et d`Anthropologie, tenu à Lisbonne en 1888 – la croix de la Légion d`honneur, en témoignage dês éminents services rendus par lui à l`archéologie.
Cette distinction justement méritée, provenant du gouvernement d’une natiou aussi illustre que la France, fut extrêmement agréable aux amis du savant fils de Guimarães. Elle leur suscita l’idée de lui témoigner leur satisfaction, d’une manière publique et solenelle qui exprimât en même temps les sentimeuts de sincère félicitation des compatriotes de l’illustre savant, sur lesquels rejaillissait en partie l’honneur qui lui était fait.
Après divers avis, ou résolut de créer une Société littéraire, promotrice de l’instruction populaire, primaire, secondaire et professionelle, laquelle Société prendrait le nom de Martins Sarmento, apprécié à juste titre dans le monde cientifique.
Le consentement de M. Sarmento obtenu, les difficultés inhérentes à ces sortes d’entreprises vaincues, et toutes les formalités nécessaires pour la constitution légale dela Société remplies, elIe fut inaugurée le 9 Mars 1881.
Cette idée dos fondateurs de la Société Martins Sarmento trouva un accueil si sympathique auprès des habitants de Guimarães, les initiatives de la Société furent si judicieuses et satisfirent tellement à des besoins si généralement sentis, que dans toutes ses entreprises jamais ne lui firent défaut l’adhésion chaleureuse de ses concitoyens et de l’illustre Chambre qui l’a beaucoup aidée, ni l’appui des autorités et la protection des pouvoirs publics.
C’est ainsi qu’on peut expliquer comment, avec des ressources si restreintes, elle est parvenue à mener à bonne fin des entreprises dont quelques-unes suffraient pour donner un grand éclat à l’association qui se les proposerait comme but de son existence.
La Société Martins Sarmento se compose de membres de deux sexes, effectifs et honoraires, ceux-ci étant des personnes ayant rendu des services importants à l’instruction, et de membres correspondants de la section d’archéologie.
Elle est administrée par une direction formée de sept membres effectifs et sept suppléants. La direction est élue annuellement, le 3 Mars. Le 9, anniversaire de la naissance de M. Sarmento et de l’inauguration de la Société, celle-ci célèbre sa fête, distribuant à cette occasion des prix aux élèves les plus méritants des écoles primaires et du cours de dessin de l’École industrielle.
Les associés se réunissent en assemblée générale pour les actes les plus importants de l’économie sociale.
La recette de la Société, provenant du droit de bienvenue, des cotisations des associés et du subside de la Chambre municipale, s’est élevée, la dernière année écoulée, à la somme de Reis 1.158$210. La dépense se monte à Reis 1.443$265.
La Société a fondé en 1882 une bibliothèque publique avec lecture à domicile, qui contient actuellement plus de 24.000 volumes. Durant l’année écoulée, un grand nombre d’ouvrages consultés, et un plus grand nombre ont été demandés pour lecture à domicile.
Elle créa la même année des cours du soir de français et de dessin industriel, gratuits pour les artistes. Ces cours out duré jusqu’à l’ouverture de cours de même nature à l’École industrielle.
La même année, la Société a organisé encore I’Institut scolaire pour l’enseignement primaire et secondaire.
Elle commença, en 1883, à créer la Révue de Guimarães, organe de la Société, publication bimensuelle, distribuée gratuitement aux associés.
Elle a organisé en 1884 une exposition industrielle de l’arrondissement de Guimarães, la première qui ait été célébrée dans le département. Cette exposition, prouvant l’aptitude professionnelle des ouvriers de Guimarães et l’état prospère de l’industrie manufacturière, fut louée à juste titre dans le rapport du délègué envoyé par le gouvernement et détermina ce dernier à accorder à cette ville et au district, l`École industrielle, résultat auquel tendaient les efforts de la Société. La Société a publié le rapport de cette exposition.
Elle a créé, en 1885, un Musée de numismatique et d’archéologie, très estimé de tous les visiteurs, constamment enrichi de dons provenant des différents points du pays et des découvertes faites par M. Sarmento, son directeur.
Elle a inauguré des concours de filature et des cours de dentelle et de coupe pour dames.
Elle a organisé l’enseignement agricole par la méthode analogique, et elle jette en ce moment les bases d’une école agricole, éminemment pratique.
Elle a encouragé de nombreuses conférences, faites, tantôt par des membres de l Société, tantôt par d’autres personnes.
«Constituída em Guimarães, que tomou o nome do ilustre arqueólogo vimaranense Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento (1833-1899). Instituída em 1882, por cinco conterrâneos (embora a ideia remontasse a Novembro do ano anterior), os seus Estatutos pretendiam “promover por todos os meios legais a criação de escolas e institutos de instrução popular, quer primária, quer secundária, quer profissional” e “promover o adiantamento dos alunos” premiando os que tivessem melhor aproveitamento. Em Setembro de 1882, a Sociedade aprovou o Regulamento do seu funcionamento orgânico; em 11 de Outubro, desse mesmo ano, aprovou o regulamento da Biblioteca (com duas secções, uma popular e outra pública); em 7 de Novembro aprovou o Instituto Escolar (com vista ao ensino da instrução primária elementar e complementar), criou um curso de desenho profissional (linear, ornato e figura) e um curso nocturno de ensino da língua francesa.» (Norberto Cunha, 2013).
“Société «Martins Sarmento» de Guimarães”, In Affirmações Publicas: 1888-1893, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1896.
Sem comentários:
Enviar um comentário