Uma carta de Bernardino Machado para Lopes de Oliveira - 14 de Setembro de 1920
Bernardino Machado que tinha renunciado, em 18 de Fevereiro de 1919, ao mandato presidencial, regressa do exílio a Portugal no dia 15 de Agosto de 1919. É eleito, em Outubro do mesmo ano, Senador, tomando assento no Senado em 4 de Novembro. No dia seguinte é reintegrado como professor da Faculdade de Ciências de Coimbra, requerendo a aposentação.
No dia 4 de Janeiro de 1920 é-lhe feita uma manifestação pela população de Lisboa.
No mês de Fevereiro do ano seguinte de 1923 é convidado a formar governo.
No meu blogue de 27 de Maio de 2009 encontra-se documentação sobre a renúncia de Bernardino Machado ao mandato presidencial - clicar aqui.
Junto mais documentos sobre este período.
No meu blogue de 27 de Maio de 2009 encontra-se documentação sobre a renúncia de Bernardino Machado ao mandato presidencial - clicar aqui.
Junto mais documentos sobre este período.
"Meu querido Amigo
Quando se chega à minha idade, tem-se infelizmente de contar os anos. Mas as ingratidões não se contam. Estava eu bem servido, se pensasse nelas. O meu mal é só a minha velhice. Tivesse eu menos dez anos, só que fosse...Não me faltaram motivos para me aposentar. Ninguém dos dirigentes republicanos me apareceu em Belém de 5 a 8 de Dezembro de 1917, a não ser o chefe interino do governo para pedir a demissão do ministério. Nenhum, durante o meu exílio, enquanto o dezembrismo triunfava, me consultou ou escreveu de Portugal, sequer. Houve-os que, indo a França, se esquivaram a visitar-me. Depois, todos reconheceram, todos! o representante do dezembrismo, o seu 2.º ditador, o que foi o mesmo que destituirem-se os próprios partidos republicanos. A imprensa, não só a extra-partidária, mas a desses partidos, fez pior do que combaterem-me, injuriou-me. E, nem assim me reformei. Continuei na actividade, sem animo hostil a nenhum republicano, invocando unicamente os princípios pronto a colaborar com todos os governos possíveis. Pois nenhum dos dirigentes me procurou para nada. Apenas o F. Costa (Francisco Fernandes Costa), ao ser encarregado de formar gabinete, me quis ouvir, sendo , aliás certo que ele já devia saber que não podia contar com o meu voto. Alguns nem me visitaram. Só o povo me veio buscar para os seus comícios. É verdade que o directório do P.R.P. me fez a declaração de apoio à minha candidatura de Senador, mas, 1.º, tomara a iniciativa, desse acto a comissão municipal, popular. E sabe como a imprensa republicana me tratou, fazendo, por vezes, pior do que a campanha geral do silêncio. Já devia estar farto de toda essa gente, e desquitar-me dela. Mas que quer? Iludo-me talvez, na ideia de que, até por isso mesmo, preciso de ocupar o posto. E não descanso. E não olho por mim, nem pelas minhas memórias. Trabalharei também nelas em Lisboa, se o meu Amigo me puder dispensar algumas horas. Todos lhe enviam os nossos saudosos cumprimentos. O Tomaz (Tomaz da Fonseca) e família estão aí?
Muitas lembranças também. Abraça-o, e ao António (António José Branquinho da Fonseca), como
Todo seu
B. Machado
Paredes de Coura
14/9/920"
Manifestação a Bernardino Machado em 4 de Janeiro de 1920
Intervenções de Bernardino Machado no Congresso e no Senado
Uma caricatura de Jorge Barradas
Da revista "O Riso d' A Victória" - 15 de Nov. de 1919
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