Texto de Bernardino Machado no jornal clandestino
"A Verdade"
Revista de História das Ideias - Volume 23
História e Verdade(s)
Resumo
Alberto Vilaça – O
jornal republicano clandestino "A Verdade"
O jornal republicano e de inspiração reviralhista A Verdade
publicou-se clandestinamente, de Julho de 1933 a Fevereiro de 1934, com
onze números, Fogosamente anti-salazarista, com apelos ao Exército e à Armada,
anti-clerical também, e além de outros aspectos, inseria nomeadamente notícias e
artigos de crítica à política económico-financeira e colonial de Salazar,
denunciando a violência e a repressão praticadas pelo seu governo, com destaque
para as prisões e torturas.
Tirava crescente número de milhares de exemplares e era largamente distribuído por diferentes pontos do país.
Chegou a publicar uma edição internacional do n.º 6, dedicada em especial ao "martiriológio" do povo português, incluindo mesmo várias gravuras ilustrando as torturas praticadas pela polícia política.
Feito até ao n.º 5 numa tipografia de Coimbra, tendo como principais activistas Armando Cortesão (antigo e primeiro director da Agência Geral das Colónias) e Cândido Nazaré (director das oficinas da Imprensa da Universidade, que meses depois veio a ser extinta), aquela tipografia foi então assaltada pela polícia "salazaresca" e vieram a efectuar-se numerosas prisões. Cortesão conseguiu fugir para Madrid, onde o jornal passou a ser feito e daí enviado para Portugal.
A fuga foi aventurosa, incluindo a travessia por um açude, num afluente do rio Douro, a poucos quilómetros de Barca de Alva, e nessa fase final teve em particular o auxílio de José da Silva Elvas, um maçon e ex-sacerdote.
Em grande parte os presos foram deportados para a Fortaleza de São João Baptista, nos Açores, juntamente com muitos outros por diferentes motivos políticos, num total de 143. O embarque foi feito a partir de Peniche, em sucessivas levas durante as quais gritavam "Viva a República!".
Vários dos implicados no caso de A Verdade sofreram diversas condenações e alguns cumpriram dilatados anos de prisão.
A quase totalidade do material da tipografia de Coimbra e os automóveis usados na fuga foram confiscados, tudo com elevado valor económico, de que o Estado fascista se apoderou.
Quarenta anos depois o Povo Português veio a libertar-se do regime opressivo, de que este episódio fora exemplar.
Tirava crescente número de milhares de exemplares e era largamente distribuído por diferentes pontos do país.
Chegou a publicar uma edição internacional do n.º 6, dedicada em especial ao "martiriológio" do povo português, incluindo mesmo várias gravuras ilustrando as torturas praticadas pela polícia política.
Feito até ao n.º 5 numa tipografia de Coimbra, tendo como principais activistas Armando Cortesão (antigo e primeiro director da Agência Geral das Colónias) e Cândido Nazaré (director das oficinas da Imprensa da Universidade, que meses depois veio a ser extinta), aquela tipografia foi então assaltada pela polícia "salazaresca" e vieram a efectuar-se numerosas prisões. Cortesão conseguiu fugir para Madrid, onde o jornal passou a ser feito e daí enviado para Portugal.
A fuga foi aventurosa, incluindo a travessia por um açude, num afluente do rio Douro, a poucos quilómetros de Barca de Alva, e nessa fase final teve em particular o auxílio de José da Silva Elvas, um maçon e ex-sacerdote.
Em grande parte os presos foram deportados para a Fortaleza de São João Baptista, nos Açores, juntamente com muitos outros por diferentes motivos políticos, num total de 143. O embarque foi feito a partir de Peniche, em sucessivas levas durante as quais gritavam "Viva a República!".
Vários dos implicados no caso de A Verdade sofreram diversas condenações e alguns cumpriram dilatados anos de prisão.
A quase totalidade do material da tipografia de Coimbra e os automóveis usados na fuga foram confiscados, tudo com elevado valor económico, de que o Estado fascista se apoderou.
Quarenta anos depois o Povo Português veio a libertar-se do regime opressivo, de que este episódio fora exemplar.
3 comentários:
Estimado Amigo Dr. Sá Marques
A propósito do texto de Bernardino Machado no jornal A Verdade, lembrei-me que este periódico foi, durante algum tempo, impresso e distribuído num armazém que o meu bisavô materno, João Gomes Júnior (1872-1957/58) detinha na Rua da Sofia, em Coimbra. Na sequência dessas actividades, já sexagenário, andou fugido bastante tempo à Polícia Política, bem como vários filhos (nomeadamente José Gomes dos Santos), refugiando-se em estações de comboio da linha que ligava à Figueira, foi preso, condenado e deportado. O armazém foi encerrado e todos os bens apreendidos, causando danos económicos e familiares extremamente gravosos ao quotidiano familiar. Serralheiro de reconhecida arte, foi activista do Partido Republicano de Coimbra e, em 1910, integrava a sua Comissão Paroquial da Freguesia de Santa Cruz. Muito amigo e correlegionário do Dr. Bissaia Barreto, fez questão de cortar relações e não mais lhe dirigir a palavra na sequência do posterior posicionamento ideológico deste.
Penso que as relações do grupo envolvido na feitura do jornal com Armando Cortesão também terão "azedado" na sequência da sua posterior posição política.
Com um abraço de estima de
João Esteves
Obrigado por me enriquecer o blogue.
Que bom foi ter notías suas!
Quando terei o gosto de o abraçar?
Saudades!
Enviar um comentário