quinta-feira, 29 de agosto de 2013








Uma carta de Aquilino Ribeiro para Bernardino Machado


Com um apertado abraço de gratidão para o meu querido Amigo António Valdemar, conhecedor emérito da obra de Aquilino Ribeiro, e a quem tanto lhe devemos!


Benardino Machado encontrava-se exilado em La Guardia. Meu Pai  reagiu bem ao tramento instituido, saindo da situação de depressão ocasionada pela aposentação, que  foi pressionada pelo então reitor do Liceu Camões, Cristiano de Sousa, um ferrenho adepto do Estado Novo (clicar aqui). Os dois opúsculos a que Aquilino se refere na carta são: "L'Assemblée Nationale de la Dictadure" (8.12.1934) e "A Nação contra a Ditadura" (10.12.1934). O pintor Martinho da Fonseca acabou por ir à Galiza fazer  o quadro de Bernardino Machado, que está na Galeria dos Presidentes. Aquilino Ribeiro habitava então a casa de Bernardino Machado, o chamado "Castelo de Santa Catarina", na Cruz Quebrada.













quarta-feira, 28 de agosto de 2013
















«Saber é poder; por isso só são fortes as nações instruídas. A ignorância, eis a causa de todas as misérias: dos embaraços financeiros, da penúria económica, do amolecimento de costumes. A ignorância para tudo empobrece o homem: torna-o fraco operário, incapaz de sustentar com vantagem ou sequer com igualdade a luta da concorrência; torna-o mau cidadão, que regateia ao Estado as suas dívidas de sangue e de dinheiro; finalmente, arranca-lhe uma a uma as virtudes morais com que os povos fraternizam na coesão de uma mesma família. Toda a nação doente é ver que é uma nação ignorante; e não existe terapêutica eficaz, que não disfarce apenas a moléstia, que a cure de raiz, nenhuma senão a instrução.”
Bernardino Machado, In O Ensino, 1898.
"Numa organização da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, em colaboração com o Museu Bernardino Machado, a exposição “Bernardino Machado, O Pedagogo” vai ser inaugurada no próximo dia 21 de Setembro do corrente ano, pelas 17h00, no respectivo Museu, na R. Adriano Pinto Basto. A exposição “Bernardino Machado, O Pedagogo” é constituída por 16 temas, a saber: i) “O Ensino e a sua Importância”; ii) “A Aprendizagem. Entre o Hereditário e o Adquirido”; iii) “Liberdade de Ensino. Público ou Privado?”; iv) Processos de Ensino. Aprendizagem; v) Instrução e Educação”; vi) “Ensino Infantil e Primário”; vii) “A Instrução Popular. Sociedades Particulares de Instrução; viii) “O Ensino Secundário”; ix) “O Ensino Profissional”; x) “O Ensino Comercial e Industrial”; xi) “Ensino Agrícola”; xii) “A Academia e o Ensino Universitário”; xiii) “A Universidade e o Ensino”; xiv) “A Revolta Académica” (1907); xv) “O Ensino e a Política” e xvi) “Cronologia Pedagógica”. Cadsa painel temático terá não só as suas imagens respectivas, como igualmente os textos (fragmentados) teóricos de Bernardino Machado sobre a instrução e a pedagogia, retirados de títulos emblemáticos como, por exemplo, “O Ensino” (1898), “Afirmações Públicas” (1888), “Conferências de Pedagogia” (1900), “Da Monarquia Para a República” (1908), “Notas Dum Pai” (1903), “O Ensino Primário e Secundário” (1899), “Pela República” (1908), “O Estado da Instrução Secundária Entre Nós” (1882), “A Universidade e a Nação” (1904), “A Socialização do Ensino” (1897), “A Indústria” (1898), “A Agricultura” (1900), “O Ensino Profissional” (1899), “A Academia de Coimbra” (1906), entre outros títulos. Recorde-se que a Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, as Edições Húmus e o Museu Bernardino Machado já editaram os três tomos de Pedagogia da Obra de Bernardino Machado, respectivamente em 2009 e 2010, tendo o primeiro uma introdução de Rogério Fernandes e os outros dois de Norberto Cunha, coordenador científico não só do respectivo Museu, como igualmente das Obras do patrono."
 
 
 
 
 
 



 O artigo de Bernardino Machado sobre o 5 de Outubro, escrito em La Guardia (1933), programado para ser impresso no jornal "República" do dia 5 de Outubro de 1965, com o título - "O 5 de Outubro: recurso salvador", foi censurado!















terça-feira, 27 de agosto de 2013






Recordar Jaime Carvalhão Duarte!

Com um apertado abraço, já saudoso, para o Sérgio Carvalhão Duarte.

 No 18º aniversário da Grande Guerra, Bernardino Machado, exilado em Vigo, foi entrevistado por Carvalhão Duarte, Director do jornal "República".  O artigo foi censurado! Encontra-se digitalizado em "Casa Comum" - Fundação Mário Soares.




























segunda-feira, 26 de agosto de 2013


Texto de Bernardino Machado no jornal clandestino
 "A Verdade"



Revista de História das Ideias - Volume 23

História e Verdade(s)

Revista de História das Ideias - Volume 23

Resumo

Alberto Vilaça O jornal republicano clandestino "A Verdade"
O jornal republicano e de inspiração reviralhista A Verdade publicou-se clandestinamente, de Julho de 1933 a Fevereiro de 1934, com onze números, Fogosamente anti-salazarista, com apelos ao Exército e à Armada, anti-clerical também, e além de outros aspectos, inseria nomeadamente notícias e artigos de crítica à política económico-financeira e colonial de Salazar, denunciando a violência e a repressão praticadas pelo seu governo, com destaque para as prisões e torturas.
Tirava crescente número de milhares de exemplares e era largamente distribuído por diferentes pontos do país.
Chegou a publicar uma edição internacional do n.º 6, dedicada em especial ao "martiriológio" do povo português, incluindo mesmo várias gravuras ilustrando as torturas praticadas pela polícia política.
Feito até ao n.º 5 numa tipografia de Coimbra, tendo como principais activistas Armando Cortesão (antigo e primeiro director da Agência Geral das Colónias) e Cândido Nazaré (director das oficinas da Imprensa da Universidade, que meses depois veio a ser extinta), aquela tipografia foi então assaltada pela polícia "salazaresca" e vieram a efectuar-se numerosas prisões. Cortesão conseguiu fugir para Madrid, onde o jornal passou a ser feito e daí enviado para Portugal.
A fuga foi aventurosa, incluindo a travessia por um açude, num afluente do rio Douro, a poucos quilómetros de Barca de Alva, e nessa fase final teve em particular o auxílio de José da Silva Elvas, um maçon e ex-sacerdote.
Em grande parte os presos foram deportados para a Fortaleza de São João Baptista, nos Açores, juntamente com muitos outros por diferentes motivos políticos, num total de 143. O embarque foi feito a partir de Peniche, em sucessivas levas durante as quais gritavam "Viva a República!".
Vários dos implicados no caso de A Verdade sofreram diversas condenações e alguns cumpriram dilatados anos de prisão.
A quase totalidade do material da tipografia de Coimbra e os automóveis usados na fuga foram confiscados, tudo com elevado valor económico, de que o Estado fascista se apoderou.
Quarenta anos depois o Povo Português veio a libertar-se do regime opressivo, de que este episódio fora exemplar.




domingo, 25 de agosto de 2013



Uma carta de Bernardino Machado para Lopes de Oliveira   -   14 de Setembro de 1920

Bernardino Machado que tinha renunciado, em 18 de Fevereiro de 1919, ao mandato presidencial, regressa do exílio  a Portugal no dia 15 de Agosto de 1919. É eleito, em Outubro do mesmo ano, Senador, tomando assento no Senado em 4 de Novembro. No dia seguinte é reintegrado como professor da Faculdade de Ciências de Coimbra, requerendo a aposentação.
No dia 4 de Janeiro de 1920 é-lhe feita uma manifestação pela população de Lisboa. 
No mês de Fevereiro do ano seguinte de 1923 é convidado a formar governo.
No meu blogue de 27 de Maio de 2009 encontra-se documentação sobre a renúncia de Bernardino Machado ao mandato presidencial  -  clicar aqui
Junto mais documentos sobre este período. 










"Meu querido Amigo

Quando se chega à minha idade, tem-se infelizmente de contar os anos. Mas as ingratidões não se contam. Estava eu bem servido, se pensasse  nelas. O meu mal é só a minha velhice. Tivesse eu menos dez anos, só que fosse...Não me faltaram motivos para me aposentar. Ninguém dos dirigentes republicanos me apareceu em Belém  de 5 a 8 de Dezembro de 1917, a não ser o chefe interino do governo para pedir a demissão do ministério. Nenhum, durante o meu exílio, enquanto o dezembrismo triunfava, me consultou ou escreveu de Portugal, sequer. Houve-os que, indo a França, se esquivaram a visitar-me. Depois, todos reconheceram, todos! o representante do dezembrismo, o seu 2.º ditador, o que foi o mesmo que destituirem-se os próprios partidos republicanos. A imprensa, não só a extra-partidária, mas a desses partidos, fez pior do que combaterem-me, injuriou-me. E, nem assim me reformei. Continuei na actividade, sem animo hostil a nenhum republicano, invocando unicamente  os princípios  pronto a colaborar com todos os governos possíveis. Pois nenhum dos dirigentes me procurou para nada. Apenas o F. Costa (Francisco Fernandes Costa), ao ser encarregado de formar gabinete, me quis ouvir, sendo , aliás certo que ele já devia  saber que não podia contar com o meu voto.  Alguns nem me visitaram. Só o povo me veio buscar para os seus comícios. É verdade que o directório do P.R.P. me fez a declaração de apoio à minha candidatura de Senador, mas, 1.º, tomara a iniciativa, desse acto a comissão municipal, popular. E sabe como a imprensa republicana me tratou, fazendo, por vezes, pior do que a campanha geral do silêncio. Já devia estar farto de toda essa gente, e desquitar-me dela. Mas que quer? Iludo-me talvez, na ideia de que, até por isso mesmo, preciso de ocupar o posto. E não descanso. E não olho por mim, nem pelas minhas memórias. Trabalharei também nelas em Lisboa, se o meu Amigo me puder dispensar algumas horas. Todos lhe enviam os nossos saudosos cumprimentos. O Tomaz (Tomaz da Fonseca) e família estão aí?
Muitas lembranças também. Abraça-o, e ao António (António José Branquinho da Fonseca), como 
Todo seu
B. Machado
Paredes de Coura
14/9/920"



Manifestação a Bernardino Machado em 4 de Janeiro de 1920










Intervenções de Bernardino Machado no Congresso e no Senado






































Uma caricatura de Jorge Barradas 

Da revista "O Riso d' A Victória" - 15 de Nov. de 1919