sexta-feira, 3 de maio de 2013





Recordar Mayer Garção  -  II

Uma ajuda do querido amigo António Valdemar:
"A autonomia literária de Lisboa, em relação a Coimbra, ocorreu segundo João Gaspar Simões, em 1915, com a publicação da revista do ORPHEU, onde se manifestou o génio de Fernando Pessoa, o talento de Mário de Sá Carneiro e o mérito de outros poetas da mesma geração que se reuniu, por exemplo, no restaurante IRMÃOS UNIDOS, no Rossio e no MARTINHO DA ARCADA, no Terreiro do Paço. Julgo que se deverá remontar, a 1836, à REVOLUÇÂO DE SETEMBRO, liderada por Passos Manuel e à fundação em 1859 por D. Pedro V, do Curso Superior de Letras.

É neste âmbito que se vai inserir a REVISTA NOVA e o grupo de poetas, escritores, jornalistas e artistas plásticos, que Mayer Garção recordou no livro ESQUECIDOS.

Dele faziam parte, além de Mayer Garção, Leite Bastos, Baldemónio, Heliodoro Salgado, o Velho Gervásio, João Clímaco, Manuel Cardia, Fernando Leal, Costa Alegre, Guilherme Braga, Silva Pinto, José Duro, Moniz Barreto, José Newton, Alfredo Serrano, Martins Figueira, Eduardo Perez, Nunes Claro, Felizardo de Lima, Ernesto da Silva, Eduardo Pinto.

Jornalista e escritor Mayer Garção cultivou a poesia. Adaptou para o teatro, em verso “Histoire du vieux temps” de Guy de Maupassant. É autor de um soneto traduzido por Fernando Pessoa. Apesar disto Mayer Garção, não atingiu dimensão como poeta. Distinguiu – se como grande jornalista de intervenção politica.

Tive oportunidade – com o meu erudito e inesquecível amigo José Eduardo Pisani Burnay – de fazer uma análise comparativa da peça recriada por Mayer Garção com a sequência narrativa da CEIA DOS CARDEAIS, de Júlio Dantas. A influência é evidente.

Enquanto Mayer Garção caiu no esquecimento e revive em evocações fragmentárias e ocasionais, A CEIA DOS CARDEAIS, publicada em volume, logo após a representação, foi o grande um sucesso de livraria, em Portugal, no século XX. Em 50 anos houve 50 edições, mais de 200 mil exemplares. Sem falar nas traduções nas mais diversas línguas, e em cerca de 250 imitações e paródicas, publicadas em Portugal e no Brasil. Júlio Dantas alcançou a notoriedade, nacional e internacional. A CEIA DOS CARDEAIS abriu uma trajetória que Almada Negreiros zurziu no MANIFESTO ANTI – DANTAS…"




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