sábado, 28 de abril de 2012

























No dia 21 de Abril, pelas 16h00, no Museu Bernardino Machado, em Vila Nova de Famalicão, apresentou-se o III Volume-Tomo II Política da Obra de Bernardino Machado, com a presença do Vereador da Cultura e Vice-Presidente da Câmara Municipal, Dr. Paulo Cunha. Afirmando a responsabilidade da Câmara Municipal na divulgação do pensamento multifacetado de Bernardino Machado, é através do Museu Bernardino Machado que traz para o público, para o exterior, o pensamento de Bernardino Machado, e que, desde 2007, o seu pensamento tem sido divulgado através da ciência, a pedagogia e a política.
Realçou o Vereador da Cultura que na imprensa da época Bernardino Machado era chamado de “apóstolo da democracia” e o “eminente pedagogo”, e entre o monárquico liberal e o republicano, salientou Paulo Cunha que para Bernardino Machado a revolução deveria fazer-se não pelas armas, mas pela política. Desta forma, com este II Tomo, entre o regicídio e a implantação da República em Portugal, colhe-se as reflexões e os pensamentos de Bernardino Machado, o qual, para além de ser uma referência no concelho de Vila Nova de Famalicão, tem um legado pedagógico e político para as gerações futuras.
Por seu turno, o Professor Doutor Norberto Cunha, coordenador científico do Museu Bernardino Machado e das Obras de Bernardino Machado, apresentou o II Tomo da Obra Política em três aspectos: se, por um lado, reúne os textos de Bernardino Machado publicados em livro, na imprensa periódica e de conferências, por outro lado, abarca as ditaduras administrativas entre Ferreira do Amaral e Teixeira de Sousa. Os temas principais que se destacam são, principalmente, as críticas, no campo económico, de Bernardino Machado, assim como do Partido Republicano, ao engrandecimento do poder real, (cuja temática se reflecte nos dinheiros do erário público dados à Casa Real à revelia da Câmara dos Deputados),e os escândalos financeiros; num segundo momento, que se relaciona com a ideologia republicana, temos a defesa de Bernardino Machado perante a descentralização municipal, na suas próprias palavras “as franquias municipais”; num terceiro momento, surge a questão religiosa, anunciando já a lei da separação, problemática que Bernardino Machado não pretendia atacar a Igreja, mas sim o que pretendia era a separação dos poderes; numa quarta questão temática do II Tomo, surge a questão económica e social, numa conciliação entre o capital e o trabalho, numa base e de sentido de equidade social, acreditando aqui no estado demo-social. Aliás, considerando Bernardino Machado como um homem equilibrado, o Prof. Norberto Cunha salienta que mesmo perante o socialismo, este, para Bernardino Machado, deveria ser compatível com a democracia, e relativamente ao comunismo, Bernardino Machado não aceitava uma igualdade à força. Perante a revolução, o argumento de Bernardino Machado era de que a revolução pode ter boas razões, mas ao certo não sabemos as suas consequências. O ideal seria para Bernardino Machado, para a mudança das instituições, pela atracção, pela persuasão, com a matriz do diálogo para que os republicanos pudessem então realizar a “revolução” sem armas, realizando-se através de eleições transparentes para que se possa votar em liberdade e em consciência. O “empata revoluções”, como então lhe chamavam os seus correligionários, nunca esteve contra a revolução, só que não aceitava uma revolução voluntarista e impreparada.
O Prof. Norberto Cunha termina a apresentação do II Tomo da Obra Política com uma reflexão: abarcando os anos de 1908 a 1910, abarcando as ditaduras administrativas, nas quais não se falava de política, o que surgiram foram os tecnocratas no poder, ditaduras que Bernardino Machado repudiou, apesar da tentativa de apaziguamento de 1908; e hoje, o fenómeno é um pouco idêntico, com os tecnocratas no poder.

Notícia retirada do portal do Museu Bernardino Machado - clicar aqui










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