sábado, 17 de março de 2012












Arquivo: Edição de 30-06-2011


SECÇÃO: Opinião




EIS A REPÚBLICA!


Bernardino Machado, um presidente defensor da instrução ou do “saber é poder”

“Saber é poder; por isso são fortes as nações instruídas. A ignorância, eis a causa de todas as misérias: dos embaraços financeiros, da penúria económica, do amolecimento dos costumes. […] Toda a nação doente é ver que é uma nação ignorante; e não existe terapêutica eficaz, que não disfarce apenas a moléstia, que a cure de raiz, nenhuma senão a instrução.”
Bernardino Machado, 1898.

Bernardino Luís Machado Guimarães foi presidente no terceiro (de 6 de Agosto de 1915 a 8 de Dezembro de 1917) e oitavo (de 11 de Dezembro de 1925 a 31 de Maio de 1926) mandatos da Primeira República de Portugal. Nasceu no Rio de Janeiro, em 28 de Março de 1851 e faleceu na cidade do Porto no dia 29 de Abril de 1944.
Era filho do Primeiro Barão de Joane, Vila Nova de Famalicão.
Embora tenha nascido no Brasil, cedo veio para Lisboa, faz o estudo Preparatório no Porto e ingressa na Universidade de Coimbra, no ano de 1866. Nesta cidade completa a formatura em Filosofia, após três anos dedicados às matemáticas. Por ser bom aluno obtém variados prémios.
Nos anos passados como estudante de Coimbra colabora em várias publicações: “Estudos Cosmológicos”, um jornal conimbricense da época e também no “Instituto” onde publica a dissertação para o acto de licenciatura “Teoria mecânica na reflexão e na refracção da luz”.
O ano de 1876 regista o seu doutoramento com a tese “Dedução das leis dos pequenos movimentos da força elástica”, obtendo a lente de catedrático de Filosofia, no ano de 1879.
Nestes anos académicos mantém-se afastado da política, dedicando-se à Universidade, literatura e jornalismo.
No ano de 1882, já filiado no Partido Regenerador, dá entrada na vida política nacional. É eleito deputado pelo Círculo de Lamego. A sua estreia no Parlamento dá-se na defesa da instrução pública. Quatro anos depois é novamente eleito, desta vez por Coimbra.
No ano de 1890, é eleito Par do Reino pelo corpo catedrático da Universidade de Coimbra, graças ao seu prestígio académico. No Parlamento continua a dedicar-se ao Ensino, em assuntos como a reforma da instrução secundária, a liberdade do ensino, a organização do Conselho Superior de Instrução Pública, a criação do Ministério de Instrução Pública, prestando ajuda valiosa às instituições particulares de instrução, como a “Universidade Popular” Academia de Estudos Livres.
Como sucedeu com a maioria dos políticos do seu tempo, fez parte da Maçonaria, onde ocupou o lugar de grão-mestre durante vários anos.
No ano de 1893 foi escolhido por Hintze Ribeiro para a pasta das Obras Públicas, à frente da qual: - organizou a Exposição Industrial Portuguesa de 1893; - criou algumas escolas industriais; - desenvolveu a sericultura em muitas regiões de Portugal, incluindo a zona da Guarda; - publicou três decretos com intenção de proteger o operariado: regulou o trabalho das mulheres e dos menores nas fábricas industriais, regulou as bolsas do trabalho e criou o primeiro tribunal do trabalho: o Tribunal dos Árbitros Avindores.
No início do Século XX declara-se abertamente republicano. Graças ao seu prestígio ganha destaque no seio do partido, chegando a presidente do Directório do Partido Republicano, no ano de 1902.
Com a implantação da república assume a pasta de Ministro dos Negócios Estrangeiros, nos anos de 1910 e 1911. A sua acção leva a um rápido reconhecimento do regime pelas potências estrangeiras.
Nos anos seguintes, exerce os cargos de deputado às Constituintes, membro do primeiro Senado da República, Presidente do Ministério e Ministro do Interior, Ministro da Justiça, Ministro de Portugal no Rio de Janeiro e Embaixador.
No dia 6 de Agosto de 1915 é eleito presidente da República Portuguesa, cargo que assume até ser deposto por Sidónio Pais, em 8 de Dezembro de 1917. Neste mandato visita o Corpo Expedicionário Português, por ocasião da Primeira Grande Guerra, na frente de combate em França.
Após um longo período de interregno, ocupado por outros presidentes da república, volta a exercer o cargo, no dia 11 de Dezembro de 1915, com a renúncia de Manuel Teixeira Gomes. Foi o último presidente da Primeira República, deposto que foi pelo Golpe de Estado do dia 28 de Maio de 1926 que implantou o Estado Novo em Portugal e que o mandou para o exílio.

Bernardino Machado visto por Ramalho Ortigão e por ele próprio

“ Este jovem professor da Universidade tem uma reputação estabelecida de grande talento e vasta erudição. É citado como um dos tipos mais perfeitos do erudito moderno, prófugo do metafisismo universitário, retórico e caturra, versado em toda a história de experimentalismo nas novas escolas na ciência, na filosofia e na literatura.” - Ramalho Ortigão, 1883.

“A política não é uma religião, não é um dogma, apenas existem pessoas com outras visões do mundo.”
“Fazer o operário e ao mesmo tempo o homem e o cidadão, tal deve ser a divisa da educação nacional”
Bernardino Machado

Por: António José Ramos de Oliveira




 



1 comentário:

Anónimo disse...

Tão bonito Manel! A instrução como factor primordial e oposta à ignorância, que leva a tantos "desastres". Gostei muito!
Madalena