quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012


1 de Fevereiro de 1890!

No seu livro  “Histórias À Margem de Um Século de História”, o arquitecto Francisco Keil do Amaral, neto do autor da Portuguesa, conta-nos:
“São velhas edições, mandadas imprimir por particulares para distribuir gratuitamente, da “marcha patriótica” composta pelo meu avô Alfredo Keil em 1890…são tampas de caixas de bolachas, ou de sardinha, ou de massas alimentícias, ou de cigarros, …cujos fabricantes decidiram, com alusões e homenagens à “Portuguesa”, dar realce ao seu patriotismo em chaga…estampas e postais alegóricos, ….prospectos, anúncios, leques,…programas de concertos e de espectáculos…”. E recorda que foram distribuídos  40 000 exemplares desta “marcha patriótica”, e que se fizeram “orquestrações especiais para “piano só, piano e canto, canto só, grande orquestra, banda marcial, fanfarra, pequena orquestra, charanga, sol e dó, e estudantina”.  “Meu avô comungava nessa onda de indignação. Filho de alemães, mas português de nascimento, de hábitos e de coração, vibrava de patriotismo magoado. E logo no dia 12, numa roda de amigos, com ele a sangrar, surgiu-lhe a ideia de uma marcha, ou hino, capaz de exprimir a revolta da Pátrio oprimida e de incutir ânimo para o ressurgimento nacional.” “…Junto à porta da rua esperava-me o maestro, exaltado e exuberante de gestos, agitando na mão um rolo de papel de música…sentado no modesto piano que ainda conservo, é que Keil se explicou melhor. Tratava-se de uma música, hino ou marcha, em que a alma portuguesa desabafasse a sua revolta perante a afronta recebida e orgulhosamente marcasse, perante o mundo, a sua vitalidade”.
 “A Portuguesa” caiu como petróleo sobre o braseiro da revolta…No dia 1 de Fevereiro realizou-se um grande sarau em S. Carlos e ali foi ouvida a obra de meu avô e de Henrique Lopes de Mendonça, com enorme entusiasmo”.

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