segunda-feira, 14 de outubro de 2019




Recordar o Dr. Estanco Louro


Fui aluno no 1.º e 2.º ano (1932/4) do Dr. Estanco Louro, na cadeira de francês. Era uma das “feras” do Liceu Camões naquele tempo.
Os seus alunos achavam-no “bizarro”, vendo-o comer um pêssego ou quando afagava o seu bigode com a falange do indicador direito e lhes dizia, nos interrogatórios, “dizes ou não dizes”…
Só muitos anos mais tarde, já aluno universitário, passei a conviver em sua casa, por ter como amigo dilecto seu filho António Manuel, meu colega no curso médico. As nossas relações tornaram-se cordiais e mesmo afectuosas e lembro com saudades a minha convivência com toda a família. Ficaram no meu coração a Maria Lucília e o António Manuel! Pessoas invulgares. O António Manuel, o “Teca”, falava correntemente francês, alemão e esperanto, e foi sempre um militante anarquista sincero. A Maria Lucília foi professora no Liceu Pedro Nunes. Fazia parte do grupo que se reunia nos passeios de barco no Tejo e a sua urna foi envolvida com a bandeira do PCP.
Em anteriores blogues recordei Manuel Francisco do Estanco Louro – clicar 
Com o acesso à ficha do CEP ficamos a saber que esteve ausente de Portugal, devido à sua mobilização, somente sete meses. Embarcou para o “front” em 27 de Maio de 1917 e regressou a Lisboa em 8 de Dezembro de 1917. Em 6 de Novembro de 1917 foi considerado incapaz para todo o serviço, após os internamentos para amputação da falanginha e falangeta do indicador direito, por lesões resultantes de disparo da espingarda.
Em 9 de Abril de 1922 fez no Liceu Pedro Nunes uma conferência sobre a Batalha de La Lys, emitindo a sua opinião sobre a nossa intervenção no conflito.










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