segunda-feira, 28 de maio de 2018






António Lima-de-Faria  -  1


Há dias chamei a atenção no "facebbook" da vinda a Portugal do cientista António Lima-de-Faria. Reproduzi então a notícia do portal "Rerum Natura"










Quinta-feira, 10 de Maio, 2018

Lima-de-Faria veio ao i3S fazer-nos repensar o DNA

“Vamos trabalhar”. Foi assim que António Lima-de-Faria, Professor Emérito da Universidade de Lund, na Suécia, e Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, iniciou esta quarta-feira, a sua palestra no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto. Na audiência estavam investigadores, estudantes de doutoramento e até alunos do ensino secundário, vindos de Cantanhede, de uma escola com o nome do investigador. Sala cheia para ouvir o que teria para dizer o investigador que fará 97 anos em julho e que foi um pioneiro no estudo dos mecanismos moleculares da divisão celular.
Lima-de-Faria veio ao i3S partilhar a sua experiência científica numa sessão aberta, organizada no âmbito do GABBA (Programa Graduado em Áreas de Biologia e Aplicada). E se o vasto curriculum do investigador fazia antever uma sessão com o devido peso da sabedoria, Lima-de-Faria trouxe também jovialidade, desafios ao pensamento e boa disposição, uma forma apaixonada de falar de ciência e um sentido de humor que arrancou algumas gargalhadas à audiência.
Inscrita na primeira e na última projeção da sessão, uma frase: “Life is basically simple”. Estava assim traçado o rumo da viagem que conduziu a audiência ao encontro de como se pensavam os sistemas biológicos e como visões mais disruptivas permitiram antever futuros mais distantes; como muitas vezes o pensamento estabelecido estava longe daquilo que se veio a provar mais tarde. Sabemos hoje, por exemplo, que o nível de semelhança entre os genomas do rato e dos humanos é de 90% mas, nos idos 80 ou “na pré-história da biologia molecular”, como lhe chamou Lima-de-Faria, julgava-se que não seria mais de 50%.
Grande parte do tratabalho do investigador t em-se focado no processo de evolução do DNA, estando as suas teorias sobre evolução sem seleção publicadas num best-seller: “Evolution without Selection – Form and Function by Autoevolution”. Há 20-30 anos pensava-se que quantos mais cromossomas, mais complexos seriam os organismos. Mas um veado, o muntjac-indiano, que possui apenas três pares de cromossomas veio por em causa esta ideia. O “primo” mais próximo do muntjac-indiano é o muntjac-de-reeve que possui 23 pares, tal como os humanos. Contudo, e apesar da extraordinária diferença no número de cromossomas, os dois muntjacs são praticamente indistinguíveis, sustentando o desafio radical que Lima-de-Faria faz em 1980, ao publicar “How to produce a human with 3 chromosomes and 1000 primary genes”. Uma possibilidade que reiterou no i3S. “É uma questão de organização, não de genes; os genes estão lá”, explicou, para rematar: “a questão é percebermos como as coisa coisas estão organizadas”.
“No futuro o DNA será menos importante do que se imagina. O RNA é que será a chave, e no entanto, hoje ainda sabemos muito pouco sobre RNA”, antevê Lima-de-Faria. Isto para conduzir àquilo que considera poder revolucionar ainda mais o conhecimento num futuro mais alargado: a Biologia Atómica. Algo que explica no seu 10º livro, o “Periodic Tables Unifying Living Organisms at the Molecular Level” acabado de publicar, em que propõe a organização sistemática dos organismos vivos noutra lógica que pode ser com base no nível atómico ou outras características físico-químicas, tal como os elementos nas tabelas periódicas.
Sobre António Lima-de-Faria
Nascido em Cantanhede em 1921, licenciado em Biologia pela Universidade de Lisboa, e professor na Universidade de Lund desde 1950, António Lima-de-Faria é um dos «pais» da biologia dos cromossomas. Autor de mais de 200 artigos dedicados ao estudo do DNA e dos processos moleculares envolvidos na divisão das células,  assina ainda mais de uma centena de publicações nas áreas da citogenética e da biologia
Além de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto (2002), Lima-de-Faria é cavaleiro condecorado pelo Rei Sueco e Grande Oficial da Ordem de Santiago, Portugal.




Hoje tomei conhecimento da noticia do jornal "AURINEGRA"



Cientista Lima-de-Faria teve recepção na Câmara Municipal de Cantanhede

O geneticista António Lima-de-Faria esteve esta terça-feira, 15 de Maio, nos Paços do Concelho de Cantanhede, onde foi recebido pela líder do executivo camarário, Helena Teodósio, no âmbito de uma receção em que participaram também o vice-presidente da Câmara, Pedro Cardoso, os vereadores Adérito Machado, Célia Simões e Gonçalo Magalhães, o ex-presidente da autarquia Rui Crisóstomo, bem como representantes de várias entidades e dezenas de funcionários do Município.
Acompanhado da esposa, Hanna, Lima-de-Faria ouviu de Helena Teodósio “um testemunho de reconhecimento pela honra de o recebermos neste espaço nobre e pelo privilégio de o podermos ouvir falar um pouco sobre a sua vida dedicada à investigação científica, na sequência da conferência que proferiu para centenas de alunos do Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria. Foi uma experiência extraordinária para aqueles jovens estudantes terem assistido a uma aula de tão eminente figura da ciência que tem particularidade de ser também o patrono da sua escola”, sublinhou a autarca.
A presidente da Câmara Municipal falou ainda da “ligação ao Município deste filho ilustre de Cantanhede, uma ligação aliás institucionalizada na atribuição da medalha de Ouro da Cidade, em 1996, e na criação do Prémio Professor Doutor Lima-de-Faria, para distinguir o aluno do concelho com melhor média final no ensino secundário, sem esquecer o significado da doação que fez há alguns anos da sua biblioteca científica, um valioso acervo que inclui livros sobre diversas áreas do conhecimento e uma importante colecção de mapas de Portugal, alguns datados do século XVI”.
Por seu lado, o Professor Lima-de-Faria começou por se congratular com o facto de a Câmara Municipal ter criado “um prémio com o seu nome para distinguir o desempenho escolar dos jovens do ensino secundário. É muito mais importante do que ter o nome numa rua” afirmou, dando conta que, passados vinte anos da criação do prémio, escreveu a todos os galardoados “para saber das suas carreiras e, também, da utilidade do prémio”.
O cientista considera que “mais importante do que o que está nos livros é a curiosidade perante o que não se sabe, perante o desconhecido, é aí que reside o avanço da ciência e é isso que explica minha vida dedicada à investigação científica”.
António José Cortesão Lima de Faria nasceu em Cantanhede a 4 de Julho de 1921 e doutorou-se em genética pela Universidade de Lund (Suécia), onde, desde o início da década de cinquenta do século passado, se destacou como proeminente cientista e docente.
Com uma carreira reconhecida a nível mundial pelo seu contributo para o avanço da ciência, particularmente no campo da citogenética molecular, do seu currículo académico e científico salienta-se a vasta actividade em algumas das mais prestigiadas universidades e institutos da sua área de investigação, nomeadamente nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, bem como o seu trabalho como membro e consultor de influentes organismos e comités internacionais no domínio da pesquisa científica.




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