sexta-feira, 13 de abril de 2018



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Estanco Louro

Estanco Louro

05-11-2015 - 16:44
Manuel Francisco do Estanco Louro é natural de S.Brás de Alportel e nasceu em 1890. Estanco Louro nasceu no seio de uma família humilde e numerosa, razão pela qual os pais tiveram dificuldade em decidir o percurso escolar dos filhos.
Ao longo do seu percurso, foi advogado, professor, investigador, e notabilizou-se no campo das letras, deixando uma obra volumosa, com diversos estudos nas áreas, desde a linguística – gramática, dialectologia, toponímia, etnografia algarvia, estudos camoneanos e ensaios diversos de literatura portuguesa.
Da sua vasta obra destaca-se até aos dias de hoje a premiada monografia “ O Livro do Alportel”, publicada pela primeira vez em 1929 e que consiste num exaustivo trabalho sobre São Brás de Alportel.
Estanco Louro nasceu no seio de uma família humilde e numerosa, razão pela qual os pais tiveram dificuldade em decidir o percurso escolar dos filhos.
Pela sua inteligência e incentivado pelo professor do ensino primário, frequentou o Seminário de Faro afim de prosseguir os estudos, no entanto, em pouco tempo assumiu a sua falta de vocação eclesiástica e decidiu suportar as despesas dos estudos com o seu próprio trabalho.
Matriculou-se no Liceu Nacional de Faro, dando explicações particulares para pagar os estudos. 
O jovem Estanco Louro viveu intensamente, em Faro e em São Brás de Alportel, o movimento de ideais republicanos que acabaram por marcar de modo indelével a sua atitude ética e cívica ao longo da vida. Em 1912, matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no curso de Filologia Românica. À data eram professores desta faculdade José Leite de Vasconcelos e José Maria Rodrigues, de quem foi aluno, José Joaquim Nunes, filólogo, e David de Melo L. Lopes, arabista, que publicaram no âmbito da linguística, onomatologia, toponímia e etnografia portuguesas. 
Estes professores influenciaram a sua opção de investigação em torno da linguística histórica e da etnografia algarvias.
«Quando começámos os estudos filológicos, na Faculdade de Letras de Lisboa (1912-1913), surgiu-nos a ideia de escrevermos um livrinho, que daria a conhecer a fala alportelense. Começámos logo a coligir materiais para ele e, exceptuados os longos meses, que passámos nos quartéis e nos planos da Flandres, para onde o turbilhão da Grande Guerra nos arrastou, só agora descansámos dessa longa labuta de uma dúzia de anos, tão árdua como agradável.»
O Livro de Alportel é, no que concerne à metodologia de recolha e tratamento da informação, à diversidade e pertinência, a obra central de Estanco Louro, a partir da qual derivam as restantes, aprofundando ou alargando certas temáticas inicialmente aqui estudadas.
O propósito inicial de um estudo linguístico rapidamente se transformou num estudo etnológico. N’O livro de Alportel, ainda é marcante a sua visão linguística dominada pela variação ou diversidade das formas fonéticas, morfológicas e sintáticas, decorrente da escola dominante na academia lisboeta. Só mais tarde, Estanco Louro se debruçará sobre as variações lexicais e semânticas.
Quando regressou da Grande Guerra, em 1918, Estanco Louro teve pela frente os desafios que na época se colocavam a qualquer jovem: encontrar um emprego estável e constituir uma família. 
Atingidos estes objetivos em 1921, inicia a luta pela publicação d’O Livro de Alportel, o que aconteceu pela primeira vez em 1928, em dois volumes, como separata do Boletim da Agricultura e, posteriormente, em 1929, em monovolume.
Estanco Louro pertenceu a uma geração de professores, que nas primeiras décadas do século XX, procuraram remodelar a metodologia do ensino em Portugal, promovendo uma pedagogia de bases científicas e as didáticas disciplinares adequadas ao seu êxito. 
Publicou várias gramáticas, um estudo comparativo dos primeiros gramáticos portugueses do século XVI e, ainda, um estudo de literatura comparada do mesmo século. 
A pesquisa que realizou para estas publicações em torno da evolução histórica da língua portuguesa, discutindo aspectos da fonética, sintaxe e formação vocabular, e os estudos comparativos sobre cultura e línguas latinas serão fundamentais para a alteração de paradigma da sua investigação posterior, afastando-se de alguns cânones então vigentes na academia de letras.
Ao evolucionismo histórico aplicado à linguística, com o inventário rigoroso da fonética, irá contrapor uma visão etno-geográfica que considera mais dinâmica e a aplicação da geografia linguística.
À visão etnográfica de recolha de lendas e aspectos do folclore, que dominavam os estudos etnográficos, aplicará uma análise aos padrões de organização económica e social, condicionados pela geografia, ambiente natural e história local.
Neste período de intenso labor, de investigação e publicação, entre 1919 e 1929, também concluiu outros graus académicos: a licenciatura em Direito, em 1922 - exerceu aliás a profissão de advogado em Beja (1922-23) - e o Diploma de Estudos Camonianos, em 1927. 
Neste último, é distinguido pela dissertação e lição pública sobre o tema Os Lusíadas e o povo português: no vocabulário, na qual apresenta a primeira classificação lexicográfica e sublinha a importância da fala popular nesta obra de Camões. 
Em 1929 propõe-se a doutoramento com a investigação condensada na sua obra charneira – O Livro de Alportel.
Faleceu em Lisboa em 1953. Em S.Brás dá o nome à Biblioteca Municipal que disponibiliza a sua biografia no site oficial.

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