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"Recordamos hoje Bernardino Machado, que foi Presidente da República, por duas vezes, e que, por força das armas, não cumpriu os mandatos; da 1.ª vez, foi deposto pelo golpe “Sidonista”, e da 2.ª vez, recusou-se a entregar o poder ao Movimento de 28 de Maio de 1926, também imposto pela força das armas.
BERNARDINO Luís MACHADO Guimarães, Político, Professor e Escritor, nasceu no Rio de Janeiro (Brasil), a 28-03-1851, e faleceu no Porto, a 29-04-1944. Era filho de António Luís Machado Guimarães, futuro Barão de Joane, e de Praxedes de Sousa Guimarães, que era, por sua vez, filha de Bernardino de Sousa Guimarães, abastado proprietário e capitalista minhoto.
Bernardino Machado foi por duas vezes Presidente da República, sem nunca terminar o seu mandato, da primeira vez interrompido pelo golpe sidonista, em 1917 e da outra pelo 28 de Maio de 1926.
Fez no Porto os Estudos Preparatórios, que lhe deram ingresso na Universidade de Coimbra, em Outubro de 1866. Cursou Matemática durante três anos, mas foi na Faculdade de Filosofia que se formou Bacharel e apresentou dissertação de licenciatura, publicada na revista O Instituto, em 1875. Doutorou-se em Junho de 1876, com uma tese também no âmbito da Física.
Concorreu a Lente da Faculdade de Filosofia, que era, na realidade, uma Faculdade de Ciências e, em Março de 1877, iniciou a sua carreira universitária.
Em Abril de 1879, subiu a Lente Catedrático da referida Faculdade, situação que manteve até 1907; fundou aí a cadeira de Antropologia, da qual foi o primeiro Professor.
Durante alguns anos dedicou-se ao ensino e ao estudo, escrevendo também para os jornais. Mas, tentado pela política, aderiu ao Partido Regenerador e foi eleito Deputado, em Novembro de 1882, pelo círculo de Lamego, em eleições suplementares. Fez a sua estreia parlamentar, com muito brilho, a 19 de Janeiro de 1883, onze dias após ter prestado juramento, e tomado posse. Neste seu primeiro discurso, tal como na grande maioria dos que se lhe seguiram, versou temas de instrução pública. Nessa Legislatura pertenceu às seguintes Comissões Parlamentares: Instrução Superior, Agricultura, Comércio e Artes, Redacção do Diário da Câmara e Reforma Constitucional.
Foi novamente eleito Deputado nas eleições gerais de Junho de 1884, dessa vez pelo círculo plurinominal de Coimbra, eleito, tal como o primeiro, pela maioria regeneradora.
A sua dedicação à causa da instrução e da educação e a sua grande competência nesse campo valeram-lhe ser nomeado Vogal do Conselho Superior de Instrução Pública, cargo que já desempenhava em Março de 1891; nesse ano colaborou na reforma dos Institutos Industriais e Comerciais. As suas ideias acerca da temática da instrução pública estão bem expressas nos discursos que proferiu na Câmara dos Pares a 16 de Julho de 1890, discurso longo e muito eloquente, 05 de Fevereiro de 1892 e 01 de Fevereiro de 1893.
Neste último, criticou vivamente o Presidente do Conselho de Ministros e Ministro do Reino, José Dias Ferreira, a quem acusou de maltratar o ensino português e que condenou também pela extinção do Ministério da Instrução Pública e Belas Artes (criado em Abril de 1890 e extinto em Março de 1892).
As suas críticas ao Governo contribuíram para a queda deste, em Fevereiro de 1893, foi substituído por outro, do Partido Regenerador, no qual Bernardino Machado ocupou a pasta das Obras Públicas, Comércio e Indústria (embora apenas durante dez meses). Essa nomeação resultou, por um lado, do destaque político-partidário que alcançara e, por outro, dos seus discursos parlamentares de Fevereiro de 1892, acerca da reforma dos Institutos Industriais e Comerciais, o Ensino Técnico-Profissional, nos seus três ramos, dependia do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria.
Em Junho e Julho, como Ministro, discursou várias vezes, tanto na Câmara dos Deputados como na Câmara dos Pares, no âmbito da discurssão do Orçamento Geral do estado para o ano fiscal de 1893-1894.
Como Professor Universitário, Pedagogo e Intelectual, destacou-se em múltiplas actividades: fo Presidente do Instituto de Coimbra, que muito desenvolveu; presidiu à Academia de Estudos Livres, em 1890, bem como ao Congresso Pedagógico, organizado pelo Professorado Primário, em 1897. Membro da Maçonaria desde a juventude, foi iniciado nela em 1874, veio a ser Grão-Mestre, entre 1895 e 1899, e o principal responsável pela «revolução» positivista nessa sociedade secreta.
Desiludindo-se com as instituições monárquicas, aderiu ao Partido Republicano, em 1903; em breve foi eleito membro do Directório partidário e, pouco depois, seu Presidente. Defendia que o Partido Republicano devia ser «profundamente socialista». Em Outubro de 1904, coube-lhe proferiur a «Oração de Sapiência» na Universidade de Coimbra: traçou um paralelo, entre o descrédito da Universidade, cuja reforma de 1901 muito criticara, e o descrédito da Monarquia Constitucional; defendeu que a Escola devia regenerar, social e politicamente, a Nação e que, nesse processo, cabia à Universidade desempenhar um papel de liderança.
Em 1907, tomou parte activa na greve académica, contra a intervenção autoritária e repressiva do governo de João Franco, o que o levou à renúncia da sua cátedra de Antropologia e da sua condição de Professor Universitário.
Veio viver para Lisboa e continuou a sua militância política republicana, contra a ditadura franquista e contra a «Monarquia Nova» de D. Manuel II.
Foi eleito Deputado, bem como os outros membros dessa e da outra lista republicana, pelos dois círculos de Lisboa.No entanto, essas eleições viriam a ser anuladas, na sequência da revolução republicana de 04 e 05 de Outubro.
Com a mudança da forma de Estado, a entrada em funções do Governo Provisório fez de Bernardino Machado Ministro dos Negócios Estrangeiros. E ao longo da I República, desempenhou as funções de Deputado, Senador, Ministro, Embaixador (no Brasil), Presidente do Conselho de Ministros e Presidente da República.
Neste cargo o encontrou o Movimento do 28 de Maio de 1926, que lhe exigiu a renúncia à presidência. Partiu para o exílio, em Espanha e França, do qual só foi autorizado a regressar em 1940. Foi viver para o Porto, onde faleceu.
Com uma vasta obra literária destacam-se as obras que se debruçam sobre a sua experiência pedagógica “A Introdução á Pedagogia” (1892), “O Ensino” (1898), “O Ensino Profissional” (1900) e as que refletem o seu pensamento político “Pela Liberdade” (1900), “Conferências Políticas” (1904), “Pela República” (1908), “No Exílio” (1920). Obras principais: Teoria Mecânica na Reflexão e na Refracção da Luz, (1875); Dedução das Leis dos Pequenos Movimentos Periódicos da Força Elástica, (1876); Teoria Matemática das Interferências, (1879); Introdução à Pedagogia, (1892); Afirmações Políticas, (1893); Notas de Um Pai, (1897); O Ensino, (1898); A Indústria, (1898); O Ensino Profisisonal, (1900); No Exílio, (1900); Os Meios de Comunicação e o Comércio, (1903); Da Monarquia para a República, (1903); Conferências Políticas, (1904); A Universidade de Coimbra, (1905); Maria, (1920); A Irresponsabilidade Governativa e as Duas Reacções Monárquicas e Republicana, (1924); As Maquinações Internas e Externas, (1925); A Política e o Poder Militar, (1926); O Militarismo, (1927); A Pastoral Financeira do Patriarca, (1928); A Ditadura Clerical Militarista em Portugal, (1929); O Acto Colonial e a Ditarura, (1930); O Perigo Colonial, (1932); A Ditadura e o Comunismo, (1934); Pela Independência e pela Integridade de Portugal, (1937); 1 de Janeiro de 1938, Saudação à Democracia Portuguesa, (1938); Manifestos Políticos, 1927-1940, (1978).
O seu nome faz parte da Toponímia de: Abrantes; Alenquer; Almada (Freguesia da Sobreda da Caparica); Alpiarça; Amadora; Aveiro; Braga; Caldas da Rainha; Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana); Coimbra; Guimarães (Freguesia de Ronfe); Lisboa (Freguesia do Lumiar, Edital de 21-10-1985, era a Praça J da Urbanização da Tobis Portuguesa); Loures (Freguesias de Sacavém e Santa Iria da Azóia); Maia; Matosinhos (Freguesia da Senhora da Hora); Mira; Mirandela; Moita (Freguesia da Baixa da Banheira); Montemor-o-Novo (Freguesia de Santiago do Escoural); Odivelas (Freguesias de Famões e Ramada); Oeiras (Freguesias de Carnaxide e Porto Salvo); Paredes de Coura; Porto; Santo Tirso (Freguesia de Roriz); Seixal (Freguesias da Amora e Corroios); Sesimbra (Freguesia da Quinta do Conde); Sintra (Freguesias de Belas e Massamá); Torres Vedras; Vendas Novas; Valongo (Freguesia de Alfena); Viana do Castelo; Vila do Conde; Vila Nova de Famalicão (Freguesias de Castelões, Joane, Oliveira (São Mateus), Riba de Ave e Vila Nova de Famalicão); Vila Nova de Gaia (Freguesias de Pedroso e Vilar do Paraíso).
Fonte: “Dicionário Cronológico de Autores Portugueses”, (Vol. II, Publicações Europa América, Organizado pelo Instituto Português do Livro e da Leitura, Coordenado por Eugénio Lisboa, 1990, Pág. 342, 343 e 344)
Fonte: “Dicionário Biográfico Parlamentar, 1834-1910”, (Vol II, de D-M), Coordenação de Maria Filomena Mónica, Colecção Parlamento, Pág. 388, 389, 390, 391 e 392”
Fonte: “Parlamentares e Ministros da 1ª Republica, (1910-1926”, (Coordenação de A. H. Oliveira Marques, Edições Afrontamento, Colecção Parlamento, Pág. 276, 277 e 278).
Fonte: “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” (Volume 15, Pág. 755 e 756)
Fonte: “Quem É Quem, Portugueses Célebres”, (Círculo de Leitores, Coordenação de Leonel de Oliveira, Edição de 2008, Pág. 32e e 323) "
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