terça-feira, 16 de janeiro de 2018














Do portal do


Bernardino Luís Machado Guimarães

1895/99 - Bernardino Luís Machado Guimarães - Rio de Janeiro, 28-3-1851 – Porto, 29-4-1944.
Bernardino Machado nasceu e passou a infância no Brasil até aos nove anos, quando a família se estabeleceu em Joane, concelho de Vila Nova de Famalicão, onde seu pai tinha propriedades e chegou a ser Juiz substituto e depois Vice-Presidente da Câmara Municipal, obtendo em 1870 o título de 1.º Barão de Joane.
Bernardino Machado faz o exame de instrução primária no Liceu Nacional do Porto e aos 16 anos matricula-se na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra e no ano seguinte acumula com Filosofia. Brilhante aluno, aos 22 anos obtem o Bacharelato em Matemática e em Filosofia. Dois anos depois faz a licenciatura em Filosofia e em 1876 o doutoramento na Universidade de Coimbra, onde em 1879 passa a lente catedrático.
Na sua actividade académica, cria as cadeiras de Antropologia e Paleontologia Humana Pré-Histórica na Faculdade de Filosofia de Coimbra, em substituição das de Agricultura, Zootécnica e Economia Rural. Cria-se um Museu de História Nacional.
Optara entretanto pela nacionalidade portuguesa, quando atingiu a maioridade. Aos 30 anos de idade é eleito deputado por Vila Nova de Famalicão e no ano seguinte casa com Elzira Dantas, filha do conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira. Eleito de novo por Lamego, apresenta no parlamento uma nova planificação para o Ensino Profissional em 1884. Propõe depois a instituição dos Liceus Femininos, em nome do princípio da igualdade de oportunidades na instrução juvenil. Começa a reger a Cadeira de Antropologia e é nomeado Professor Honorário da Instituición Libre de Enseñanza, de Madrid. Em 1889 participa no Congresso da Liga Internacional do Ensino Livre, em Paris e no ano seguinte está presidir à Academia de Estudos Livres, elaborando os estatutos da Liga Nacional de Educação Popular.
É eleito Par do Reino pelos estabelecimentos científicos e no ano seguinte colabora com João Franco no Plano de Reforma das Escolas e dos Institutos Industriais e Comerciais. É nomeado Director do Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Em 1892 é vice-Presidente da Secção Portuguesa do Congresso Pedagógico Hispano Português Americano, em Madrid e preside ao 1.º Congresso do Magistério Primário.
Em 1893 foi nomeado ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, no ministério do Partido Regenerador, presidido por Hintze Ribeiro, cargo em que permanece 11 meses. Nomeia Alice Pestana para estudar, em vários países da Europa, os estabelecimentos de ensino profissional do sexo feminino e reorganiza o ensino Técnico-profissional. Promove a realização da Exposição Industrial Portuguesa e cria o Museu Etnográfico Português, nomeando José Leite de Vasconcelos para seu director.
Em 1896 Preside à Direcção do Instituto de Coimbra e dois anos depois, à Sociedade de Antropologia de Coimbra. Em 1900 Inaugura as "Conferências da Pedagogia", curso livre, efectuado aos domingos, na Universidade de Coimbra. Profere uma conferência na Associação da Mulher Pobre, defendendo os direitos cívicos das mulheres e começa a criticar a reforma do ensino universitário, pedindo em 1907 a exoneração de catedrático da Faculdade de Filosofia de Coimbra, em atitude de protesto contra a repressão do governo
Em 1903 faz a sua profissão de fé republicana através de conferência proferida no Ateneu Comercial de Lisboa, colaborando em 1908 na fundação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas. Colaborava também nos periódicos a Galeria republicana (1882-1883), o Xuão (1908-1910) e A republica portugueza (1910-1911).
Entre Fevereiro e Dezembro de 1914,numa tentativa de conciliação entre as várias fracções partidárias) preside aos 6º e 7º governos da 1ª República , em que acumulou a pasta do Interior e interinamente também a da Justiça. Apresenta então a declaração governamental sobre a intervenção portuguesa na Grande Guerra.
Em 1915 protesta contra o Governo de Pimenta de Castro, condenando o militarismo e a situação ditatorial  É eleito Presidente da República a 5 de outubro de 1915 e sua mulher Elzira Dantas Machado, funda e preside à Cruzada das Mulheres Portuguesas, organismo destinado a apoiar a intervenção de Portugal na Grande Guerra. Ele mesmo viaja por França e por Inglaterra visitando o Corpo Expedicionário Português (onde seu filho Bernardino presta serviço militar), sendo recebido pelos reis Afonso XIII de Espanha, Jorge V de Inglaterra e Alberto I da Bélgica.
A Junta Revolucionária de Sidónio Pais destitui Bernardino Machado do cargo de Presidente da República a 12 de dezembro de 1917 e ele é obrigado a sair de Portugal. Publica diversos manifestos contra o Sidonismo e regressa a Portugal em 1919
Em 1921 é de novo chamado a constituir Governo, assumindo a Presidência e a pasta do Interior, bem como interinamente a da Agricultura. Sendo à época presidente da Republica, António José de Almeida, este governo durou 81 dias.
A 1 de Dezembro de 1925 é de novo eleito Presidente da República. Cinco dias depois é preso o burlista Alves dos Reis e quando se dá a revolução de 28 de Maio de 1926 Bernardino Machado entrega o governo a Mendes Cabeçadas, acabando por se demitir da Presidência da República, quando o Governo encerrou o Parlamento a 31 de Maio.
Retira-se para a sua residência, no antigo forte de Santa Catarina, na Cruz-Quebrada (destruído em 1972). No ano seguinte, obrigado a sair de Portugal, parte para Vigo e mais tarde em La Guardia. Publica vários "Manifestos" contra o regime de ditadura e do Estado Novo, que o multa em 200 contos. Envia mensagens sucessivas aos chefes de Estado, e de Governo e à Sociedade das Nações protestando contra o reconhecimento oficial da ditadura portuguesa. Publica o manifesto "O Presidente Salazar" e em 1935 instala-se em Madrid, passando no inicio da Guerra Civil Espanhola, para França. Em 1936 é incluído na amnistia promulgada em Portugal, mas só em regressa em 1940, no contexto da 2.ª Guerra Mundial e
 1940 Regressa a Portugal, acompanhado de Jaime Cortesão. Estabelece residência no Palacete de Mantelães, que herdara do sogro, em Paredes de Coura. Fica viúvo dois anos depois e antes de morrer ainda recebe a visita do Almirante Gago Coutinho.
Autor de vasta bibliografia científica e política. Foi Cavaleiro da Ordem de Carlos III de Espanha em 1917, ano em que também recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Em 1980 foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
Teve um importante percurso como dirigente da Maçonaria (na Loja Perseverança do Grande Oriente Lusitano). Em 1895 é eleito Grão-Mestre da Maçonaria, renunciando ao cargo em 1899. Em 1902 foi eleito venerável Honorário da loja "Pátria" em Coimbra. De 1929 até à sua morte em 1944 foi voltou a ser eleito para o Supremo Conselho do grau 33 da Maçonaria.



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