quinta-feira, 12 de outubro de 2017






Os mais antigos jornais republicanos (1848)



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A Alvorada
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É Tarde
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O Regenerador
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O Republicano
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A Fraternidade
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A República

Há alguns anos atrás tive a oportunidade de publicar uma selecção de textos retirados de uma colecção de panfletos e periódicos existente nos Reservados que agora a Biblioteca Nacional de Portugal decidiu, e bem, digitalizar, tornando-os mais acessíveis. Na verdade, trata-se de material importante para a história da introdução e desenvolvimento das ideias republicanas no nosso país. Não tanto pela qualidade doutrinária dos mesmos ou pelo impacte que à época tivessem tido, mas porque marcam um salto qualitativo – digamos assim – na posição do liberalismo mais radical em relação à questão do regime.

Quero dizer com isto que, desde 1820 passando pela Revolução de Setembro de 1836, nunca a monarquia foi abertamente posta em causa e até nos momentos mais conturbados se procurou salvaguardar a figura do monarca – quer fosse D. João VI, quer depois D. Maria II. Em relação a esta última, frequentemente, para a desresponsabilizar, utilizou-se o argumento de que um dos campos em conflito a teria “coacta”. Quando da guerra civil da Patuleia e sobretudo devido ao recurso à intervenção de tropas estrangeiras em apoio da Coroa, esse consenso terminou. A figura da rainha principiou a ser violentamente atacada e a ideia de República a afirmar-se.

Recorde-se que a Convenção de Gramido pôs fim a essa guerra em Junho de 1847. No ano seguinte, em França, Áustria, Prússia, Itália, Hungria, um pouco por todo o lado na Europa, eclodiram movimentos revolucionários, e nesse primeiro país veio a implantar-se de novo a República. Entre nós, figuras da facção patuleia derrotada, como José Estêvão, Rodrigues Sampaio e Oliveira Marreca, assumiram claramente uma opção republicana, houve um período de agitação conspirativa e surgiu inclusive uma primeira versão da Carbonária. É neste contexto que se inserem os panfletos e periódicos clandestinos de 1848.

Como principais autores dos mesmos foi possível identificar João Maria Nogueira, João Cândido de Carvalho, João Daniel Sines e José Maria do Casal Ribeiro. Este acabou por fazer uma carreira política relevante. A exemplo de Rodrigues Sampaio não só se acomodou à ordem política existente, mas também desempenhou cargos destacados no partido Regenerador e no Estado. Todavia, a semente fora lançada, apesar de só António de Oliveira Marreca, dos nomes aqui referidos, ter participado na criação do Partido Republicano que começou a ganhar forma a partir de 1876.

Fernando Pereira Marques

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