Já lá vão cem anos (2 de Fevereiro 1917), que chegaram a Brest os primeiros soldados portugueses do CEP para lutarem na frente das Flandres junto dos aliados.












Relembrar esta  data  é  homenagear  os  soldados  portugueses  que  lutaram  nas Flandres  (França)  durante  a  Primeira  Guerra  Mundial.  A memória  dos  franceses  a propósito deste episódio histórico é frágil, apesar de uma placa em Paris, na ‘Avenue des   Portugais’.   Os franceses   esqueceram-se   rapidamente   da   participação   de Portugal e dos soldados portugueses que combateram junto das forças aliadas pela liberdade  do  povo  francês.  O  CEP  foi  a  principal  força  militar  que  Portugal  enviou para França.  É também de frisar uma outra força  mais reduzida, o CAPI ‘Corpo de Artilharia  Pesada  Independente’ou CAPL ‘Corps  de  Artillerie  Lourde  Portugaise’.Portugal participa neste conflito mundial ao lado dos aliados, o que estava de acordo com  as  orientações  dos republicanos  no  poder,  ainda  recentemente  instaurados.  A partida  de  milhares  de  soldados  portugueses  para  a  Flandres  gera,  no  entanto, descontentamentos  nacionais,  avolumados  pelos  gastos  a  suportar pelo  governo português.  O  regime  republicano  de  Afonso Costa,  decide  optar  a posição  ativa  na guerra  por  várias  razões:  com  vista  à  manutenção  das  colónias;  reivindicar  a soberania de Portugal na conferência de Paz que adivinhava com o final da guerra; afirmar   o   prestígio   e   a   influência   do   Estado   republicano   entre   as   potências europeias;  afirmar  os  valores  do  Estado  que  distinguissem  Portugal  da  Espanha. Desde  o  princípio  da  guerra  em  1914,  e  depois  obrigar  a neutralidade  do  Estado Português  neste  conflito,  em  1916,  a  Inglaterra  pede  ao  Estado  português  o apresamento  de  todos  os  navios  germânicos  nos  portos  portugueses.  Esta  atitude portuguesa  de  ceder  aos  ingleses,  vai  provocar  a  declaração  oficial  de  guerra  da Alemanha a Portugal, a 9 de março de 1916, apesar dos combates das forças alemãs  nas  colónias  portuguesas  desde  1914.  Desde  1917,  as  primeiras  forças  do  CEP seguiam  para  as  trincheiras  das  Flandres.  A  partir  das  21  horas do  dia  8  de  Abril 1918,  até  às  4  horas  do  dia  9  de  abril,  os  alemães  lançam  descargas  de  artilharia sobre  as  posições  da  2ª  Divisão  portuguesa,  constituída  por cerca  de  20 000 homens,  contra  os  50 000  homens  da  ofensiva  alemã,  chamada  Georgette.  O general Gomes da Costa, comandante da 2ª Divisão portuguesa, dá ordens à sua 4ª Brigada    para    ocupar    as   posições    e    contra-atacar    o   inimigo    alemão.    O bombardeamento   alemão é   cada   mais   intenso.   Os   soldados   avançam   na obscuridade  e  numa  grande  confusão.  Perto  das  5  horas  da  manhã,  um  oficial  da Missão  Inglesa  decide  que  é  necessário  fazer  avançar  os  soldados  ingleses  para ajudar a defesa da linha traseira portuguesa. Perto das 6 horas da manhã, o general Gomes da Costa envia  oficiais no terreno para ser informado da situação. Perto das 7  horas  da  manhã,  as  1a  e  2a linhas  portuguesas  encontram-se    completamente destruídas,  com  millares  de  mortos  e  sobreviventes  que  se  refugiam  onde  podem. Após uma certa acalmia, é perto das 8 horas que o  bombardeamento recomeça. A partir  das  9  horas  da  manhã,  a  maioria  dos  soldados  portugueses  da  3ª  Brigada abandonam a reserva e vão ocupar os postos de combate designados. Se  as  colónias  portuguesas  foram  mantidas,  a  participação  de  Portugal  na  guerra, teria provocado uma crise económica em Portugal, que haveria de provocar uma (1) ditadura de 48 anos, a mais longa na Europa.
(1) Golpe  de  Estado  de  28  de  maio  de  1926  (Gomes  da  Costa),  pôs  fim  à Primeira  República  Portuguesa, levando  à  implantação  da  Ditadura  Militar, e por  fim  com  a  aprovação  da  Constituição  de  1933, em  Estado  Novo,  regime que se manteve no poder em Portugal até à Revolução dos Cravos  de 25 de abril de 1974.
Manuel do Nascimento



Do portal "GALLICA" retiramos as seguintes fotografias: