Chegada a Brest do primeiro contingente das forças portuguesas do CEP
Retirado da Internet, com a devida vénia.
1917-2017: Centenário da chegada a Brest (França) do primeiro contingente das forças portuguesas do C.E.P. no quadro da primeira guerra 1914-1918.
Já lá vão cem anos (2 de Fevereiro 1917), que chegaram a Brest os primeiros soldados portugueses do CEP para lutarem na frente das Flandres junto dos aliados.
Relembrar esta data é homenagear os soldados portugueses que lutaram nas Flandres (França) durante a Primeira Guerra Mundial. A memória dos franceses a propósito deste episódio histórico é frágil, apesar de uma placa em Paris, na ‘Avenue des Portugais’. Os franceses esqueceram-se rapidamente da participação de Portugal e dos soldados portugueses que combateram junto das forças aliadas pela liberdade do povo francês. O CEP foi a principal força militar que Portugal enviou para França. É também de frisar uma outra força mais reduzida, o CAPI ‘Corpo de Artilharia Pesada Independente’ou CAPL ‘Corps de Artillerie Lourde Portugaise’.Portugal participa neste conflito mundial ao lado dos aliados, o que estava de acordo com as orientações dos republicanos no poder, ainda recentemente instaurados. A partida de milhares de soldados portugueses para a Flandres gera, no entanto, descontentamentos nacionais, avolumados pelos gastos a suportar pelo governo português. O regime republicano de Afonso Costa, decide optar a posição ativa na guerra por várias razões: com vista à manutenção das colónias; reivindicar a soberania de Portugal na conferência de Paz que adivinhava com o final da guerra; afirmar o prestígio e a influência do Estado republicano entre as potências europeias; afirmar os valores do Estado que distinguissem Portugal da Espanha. Desde o princípio da guerra em 1914, e depois obrigar a neutralidade do Estado Português neste conflito, em 1916, a Inglaterra pede ao Estado português o apresamento de todos os navios germânicos nos portos portugueses. Esta atitude portuguesa de ceder aos ingleses, vai provocar a declaração oficial de guerra da Alemanha a Portugal, a 9 de março de 1916, apesar dos combates das forças alemãs nas colónias portuguesas desde 1914. Desde 1917, as primeiras forças do CEP seguiam para as trincheiras das Flandres. A partir das 21 horas do dia 8 de Abril 1918, até às 4 horas do dia 9 de abril, os alemães lançam descargas de artilharia sobre as posições da 2ª Divisão portuguesa, constituída por cerca de 20 000 homens, contra os 50 000 homens da ofensiva alemã, chamada Georgette. O general Gomes da Costa, comandante da 2ª Divisão portuguesa, dá ordens à sua 4ª Brigada para ocupar as posições e contra-atacar o inimigo alemão. O bombardeamento alemão é cada mais intenso. Os soldados avançam na obscuridade e numa grande confusão. Perto das 5 horas da manhã, um oficial da Missão Inglesa decide que é necessário fazer avançar os soldados ingleses para ajudar a defesa da linha traseira portuguesa. Perto das 6 horas da manhã, o general Gomes da Costa envia oficiais no terreno para ser informado da situação. Perto das 7 horas da manhã, as 1a e 2a linhas portuguesas encontram-se completamente destruídas, com millares de mortos e sobreviventes que se refugiam onde podem. Após uma certa acalmia, é perto das 8 horas que o bombardeamento recomeça. A partir das 9 horas da manhã, a maioria dos soldados portugueses da 3ª Brigada abandonam a reserva e vão ocupar os postos de combate designados. Se as colónias portuguesas foram mantidas, a participação de Portugal na guerra, teria provocado uma crise económica em Portugal, que haveria de provocar uma (1) ditadura de 48 anos, a mais longa na Europa.
(1) Golpe de Estado de 28 de maio de 1926 (Gomes da Costa), pôs fim à Primeira República Portuguesa, levando à implantação da Ditadura Militar, e por fim com a aprovação da Constituição de 1933, em Estado Novo, regime que se manteve no poder em Portugal até à Revolução dos Cravos de 25 de abril de 1974.
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