Hispanofilia e Bernardino Machado
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Sampaio Bruno e a urgência de ser eleito sócio da Academia das Ciências
--divulgada uma carta inédita e confidencial para Teófilo Braga
Uma carta confidencial de
Sampaio Bruno para Teófilo Braga a pedir –
lhe que fosse eleito com urgência para a Academia das Ciências, constituiu o
tema de uma comunicação de António
Valdemar, apresentada, em
sessão daquela instituição e no âmbito das comemorações do centenário da morte
do pensador,
jornalista, erudito e notável figura cívica e cultural do Porto, ligada aos
primórdios do Partido Republicano e ao movimento revolucionário do 31 de
Janeiro de 1890
«Não possui qualquer
fundamento -- começou
por referir António Valdemar -- a
informação da Grande
Enciclopédia Portuguesa
Brasileira ao
salientar que Sampaio Bruno «formou-se em Medicina em 1876 e passou ainda a
frequentar a Antiga Escola Politécnica do Lisboa, mas em 1878 teve de abandonar
os estudos por falta de saúde». (vol. 26 – Pág. 891). Nos estudos
biográficos e críticos de Joel Serrão verifica-se que Sampaio Bruno apenas frequentara e não concluíra a Antiga
Escola Politécnica do Porto. Não possuía qualquer curso».
Noutro passo ao divulgar e
comentar a carta inédita e confidencial de Bruno para Teófilo Braga, afirmou
António Valdemar :
«Sampaio Bruno pretendia
ocupar a direção da Biblioteca do Porto. O lugar encontrava-se vago, pela morte
do diretor e fundador da Biblioteca Eduardo Allen (1824 - 1899), sócio da
Academia das Ciências, licenciado em Direito por Coimbra.
«O acesso, contudo,
permanecia-lhe vedado, não por motivos políticos, pela filiação republicana e
intervenção no 31 de Janeiro. Era exigido um curso universitário. Sampaio Bruno
debatia-se com a falta de habilitações para ocupar o cargo. Procurou ser eleito
sócio da Academia das Ciências de Lisboa. O seu mérito era amplamente
reconhecido. Tinha admiradores, amigos pessoais, conterrâneos e correligionários
políticos em ambas as classes da Academia das Ciências de Lisboa. Sampaio Bruno
admitiu que tal distinção ultrapassaria os obstáculos e as exigências
institucionais.
«Contudo,- esclareceu
António Valdemar -- o
tempo de decisão das Academias não se compadece, nem coincide com o ritmo das
tramitações burocráticas. Ignoro que diligências se fizeram. Se houve
formalização da proposta; se chegou a ser apreciada e submetida à votação a
candidatura de Bruno.
Entretanto, acentuou António Valdemar «o cargo
de diretor da Biblioteca do Porto foi ocupado por António Rocha Peixoto (1868 – 1909) licenciado pela Escola
Politécnica do Porto, arqueólogo,
etnógrafo e historiador. Passados alguns anos, Sampaio Bruno ingressava
na Academia das Ciências de Portugal, fundada em Lisboa a 18 de Abril de 1907, que funcionou
pouco mais de uma década, se estendeu a todo o Pais e chegou inclusive à
Galiza.
«Esta Academia - que
resultou de uma cisão polemica com a Academia das Ciências de Lisboa - incluiu,
logo de início, numerosos sócios de prestígio alguns deles da Academia das
Ciências de Lisboa como Teófilo, (um dos organizadores), Conde de Sabugosa, Alfredo
da Cunha, Teixeira de Queiroz, Sousa Viterbo, Consiglieri Pedroso, Gonçalves
Viana. Entre os propostos destaca-se Sampaio Bruno. A Academia das Ciências de
Portugal teve o mérito de corrigir algumas injustiças, até que, de
condescendência em condescendência, abriu indiscriminadamente a porta a
carreiristas intelectuais e oportunistas políticos.»
Mais adiante disse António
Valdemar: «Só em 1909,
Sampaio Bruno, conseguiu, finalmente, com a morte de Rocha Peixoto ser nomeado
bibliotecário e a seguir diretor da Biblioteca Municipal do Porto. A sua obra
reflete o Porto cívico e cultural de outros tempos e do seu tempo: o
Porto de Antero de Quental, a presidir à Liga Patriótica do Norte. O Porto literário de Eça de
Queiroz, à frente da Revista
Portugal. O Porto
de Camilo, de António Nobre e Raul Brandão e de Manuel Teixeira Gomes a tentar
fazer o curso de Medicina. O Porto do pintor Marques de Oliveira (mestre de
Henrique Pousão), que retratou o mar e o areal da Póvoa de Varzim. O Porto de
Soares dos Reis que, de insatisfação a insatisfação, e sufocado por
intrigas e invejas, num desesperado encontro com a morte, resvalou nas garras
do suicídio. O Porto medularmente republicano de Rodrigues de Freitas de
Basílio Teles, de Aurélio Paz dos Reis (o criador do cinema português) »
A concluir António Valdemar
observou: «Ainda Sampaio Bruno
viveu seis anos enraizado na Biblioteca do Porto. A descobrir e editar velhos
manuscritos. Sempre a trabalhar. A escrever n’ A Aguia de Teixeira de Pascoais e de
Leonardo Coimbra. A receber uma carta de Fernando Pessoa para colaborar no
Orpheu. »
Inicio e final da carta de Sampaio Bruno para Teófilo Braga
Inicio e final da carta de Sampaio Bruno para Teófilo Braga
EÇA DE QUEIROZ
Serigrafia desenhada por Álvaro Carrilho |
O que vou aprendendo no convívio com o António Valdemar! Numa das últimas conversas fiquei a saber a história do "Círculo Eça de Queiroz", e que a serigrafia com a figura do escritor que está exposta numa das salas foi desenhada por seu filho Álvaro Carrilho.
Círculo Eça de Queiroz
Agremiação de carácter intelectual e social
"O Círculo Eça de Queiroz é uma agremiação de carácter intelectual e social, fundada em 1940, por iniciativa de António Ferro, (o nome do patrono foi sugerido por António Lopes Ribeiro), com o objectivo de fomentar o bom convívio entre os seus sócios e convidados e também o gosto pelas letras e as artes, por meio de conferências, exposições e concertos.
Desde a sua fundação, e através de muitas dificuldades, o Círculo tem procurado contribuir para a elevação do nível intelectual e social da vida portuguesa.
Grandes figuras da cultura portuguesa e estrangeira, têm passado pelo Círculo, como convidados ou conferencistas. O seu primeiro sócio de honra foi Maurice Maeterlink, Prémio Nobel da Literatura. Aqui estiveram também T.S. Eliot, igualmente Prémio Nobel da Literatura, Graham Greene e Gabriel Marcel. Em 1942, Gregório Marañon proferiu neste clube uma conferência, impressa mais tarde. Dos escritores brasileiros, lembramos, entre outros, Gustavo Barroso, Plínio Salgado, Luís Viana Filho, Herberto Sales, Josué Montello, e António Carlos Villaça. Estes três últimos escritores registaram, em livros memorialisticos, a sua passagem pelo Círculo. Ortega y Gasset e Eugénio Montes deram também o seu contributo para o prestígio cultural do Círculo.
Em Janeiro de 1946, o Círculo promoveu um ciclo de conferências para assinalar o centenário queirosiano.
Na década de 80, a Direcção empenhou-se em reintegrar o Círculo Eça de Queiroz no espírito do fundador, pela animação cultural dos “Serões Queirosianos”, e, das mais de 50 conferências proferidas nessa época, destaca-se o ciclo dedicado aos “Vencidos da Vida”, recolhidas em livro, em 1989.
Em 1994, contámos com a presença, como conferencistas, do Prof. Fraga Iribarne, Presidente do Governo da Galiza, e do Presidente da Academia Brasileira de Filosofia, Prof. Miguel Reale.
Na década de 90, outra iniciativa de animação cultural é a de “chás semanais”, seguidos de debates sobre as matérias mais diversas.
Durante algum tempo, também, o Círculo Eça de Queiroz contou com a colaboração da Orquestra Metropolitana de Lisboa, que aqui realizou um recital mensal.
Esta Associação, ao longo da sua existência de mais de 70 anos, tem mantido intercâmbios com as mais diversas entidades públicas e privadas, nomeadamente:
- Sociedade Histórica da Independência de Portugal
- Instituto de Filosofia Luso-Brasileira
- Academia de História
- Academia das Ciências
- Academia Brasileira de Filosofia
- Grémio Literário
- Centro Nacional de Cultura
- Grupo dos Amigos de Lisboa
- Fundação Eça de Queiroz
- IADE
- Embaixadas de Espanha, Brasil, Israel e Ministério dos Negócios Estrangeiros
- Comissão Nacional para o Centenário de Eça de Queiroz.
Vários Clubes congéneres da Europa e do Brasil têm com o Círculo Eça de Queiroz relações preferenciais, nomeadamente no intercâmbio de serviços prestados aos respectivos sócios. Referimos, entre outros, “Le Cercle de l’Union Interalliée” (Paris); o “Savile Club”, o “National Liberal Club, o “City University Club” e o “Eccentric Club” (Londres); o “Societá del Giardino” (Milão); o Real Gran Peña (Madrid); o “Sociedad Bilbaina” (Navarra); o “Cercle de Lorraine” (Bruxelas); o “Grêmio Luso-Brasileiro” (São Paulo) e o Royal Canadian Military Institute, Toronto – Canada.
O Círculo Eça de Queiroz vive das quotizações dos sócios e das receitas provenientes de algumas actividades desenvolvidas. Recebeu apoios financeiros ocasionais da Fundação Gulbenkian e da Secretaria de Estado da Cultura.
Esta Associação propõe-se continuar a orientação e finalidades que até aqui o têm orientado, através de conferências, concertos e exposições, obedecendo à temática programada anualmente.
Círculo Eça de Queiroz tem um número de associados na Categoria A restrito a 202. Este foi o número de uma mansão imaginária nos Campos Elísios, onde uma das personagens ficcionais do escritor português Eça de Queiroz, Jacinto, viveu no século XIX, em Paris. Ao longo do tempo, o clube decidiu admitir um pequeno número de membros acima de 202, que gozam de todos os direitos sociais, excepto do voto. Esses associados, supranumerários, aguardam vaga na Categoria A.
Pelo clima cultural que vamos criando na zona histórica do Chiado e pelo património artístico existente na sede do Círculo, é bem justificado o estatuto de Utilidade Pública que lhe foi conferido em 2005."
Desde a sua fundação, e através de muitas dificuldades, o Círculo tem procurado contribuir para a elevação do nível intelectual e social da vida portuguesa.
Grandes figuras da cultura portuguesa e estrangeira, têm passado pelo Círculo, como convidados ou conferencistas. O seu primeiro sócio de honra foi Maurice Maeterlink, Prémio Nobel da Literatura. Aqui estiveram também T.S. Eliot, igualmente Prémio Nobel da Literatura, Graham Greene e Gabriel Marcel. Em 1942, Gregório Marañon proferiu neste clube uma conferência, impressa mais tarde. Dos escritores brasileiros, lembramos, entre outros, Gustavo Barroso, Plínio Salgado, Luís Viana Filho, Herberto Sales, Josué Montello, e António Carlos Villaça. Estes três últimos escritores registaram, em livros memorialisticos, a sua passagem pelo Círculo. Ortega y Gasset e Eugénio Montes deram também o seu contributo para o prestígio cultural do Círculo.
Em Janeiro de 1946, o Círculo promoveu um ciclo de conferências para assinalar o centenário queirosiano.
Na década de 80, a Direcção empenhou-se em reintegrar o Círculo Eça de Queiroz no espírito do fundador, pela animação cultural dos “Serões Queirosianos”, e, das mais de 50 conferências proferidas nessa época, destaca-se o ciclo dedicado aos “Vencidos da Vida”, recolhidas em livro, em 1989.
Em 1994, contámos com a presença, como conferencistas, do Prof. Fraga Iribarne, Presidente do Governo da Galiza, e do Presidente da Academia Brasileira de Filosofia, Prof. Miguel Reale.
Na década de 90, outra iniciativa de animação cultural é a de “chás semanais”, seguidos de debates sobre as matérias mais diversas.
Durante algum tempo, também, o Círculo Eça de Queiroz contou com a colaboração da Orquestra Metropolitana de Lisboa, que aqui realizou um recital mensal.
Esta Associação, ao longo da sua existência de mais de 70 anos, tem mantido intercâmbios com as mais diversas entidades públicas e privadas, nomeadamente:
- Sociedade Histórica da Independência de Portugal
- Instituto de Filosofia Luso-Brasileira
- Academia de História
- Academia das Ciências
- Academia Brasileira de Filosofia
- Grémio Literário
- Centro Nacional de Cultura
- Grupo dos Amigos de Lisboa
- Fundação Eça de Queiroz
- IADE
- Embaixadas de Espanha, Brasil, Israel e Ministério dos Negócios Estrangeiros
- Comissão Nacional para o Centenário de Eça de Queiroz.
Vários Clubes congéneres da Europa e do Brasil têm com o Círculo Eça de Queiroz relações preferenciais, nomeadamente no intercâmbio de serviços prestados aos respectivos sócios. Referimos, entre outros, “Le Cercle de l’Union Interalliée” (Paris); o “Savile Club”, o “National Liberal Club, o “City University Club” e o “Eccentric Club” (Londres); o “Societá del Giardino” (Milão); o Real Gran Peña (Madrid); o “Sociedad Bilbaina” (Navarra); o “Cercle de Lorraine” (Bruxelas); o “Grêmio Luso-Brasileiro” (São Paulo) e o Royal Canadian Military Institute, Toronto – Canada.
O Círculo Eça de Queiroz vive das quotizações dos sócios e das receitas provenientes de algumas actividades desenvolvidas. Recebeu apoios financeiros ocasionais da Fundação Gulbenkian e da Secretaria de Estado da Cultura.
Esta Associação propõe-se continuar a orientação e finalidades que até aqui o têm orientado, através de conferências, concertos e exposições, obedecendo à temática programada anualmente.
Círculo Eça de Queiroz tem um número de associados na Categoria A restrito a 202. Este foi o número de uma mansão imaginária nos Campos Elísios, onde uma das personagens ficcionais do escritor português Eça de Queiroz, Jacinto, viveu no século XIX, em Paris. Ao longo do tempo, o clube decidiu admitir um pequeno número de membros acima de 202, que gozam de todos os direitos sociais, excepto do voto. Esses associados, supranumerários, aguardam vaga na Categoria A.
Pelo clima cultural que vamos criando na zona histórica do Chiado e pelo património artístico existente na sede do Círculo, é bem justificado o estatuto de Utilidade Pública que lhe foi conferido em 2005."
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
terça-feira, 22 de novembro de 2016
domingo, 20 de novembro de 2016
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