sexta-feira, 2 de outubro de 2015



Recordar Artur de Oliveira Santos  -  2

Do blogue Por Ourém, com a devida vénia:

terça-feira, 5 de outubro de 2010


Artur de Oliveira Santos

Para a colaboração regular que então mantinha no Notícias de Ourém, no dia 21 de Janeiro de 2000 (dia em que o meu pai faria 102 anos) escrevi este texto, depois publicado. Lembrava-me de o ter escrito, procurei-o e, surpreendentemente, encontrei-o. É um extracto desse texto o que, hoje, 5 de Outubro de 2010, por-aqui/por-ourém quero deixar:




O MEU TIPO INESQUECÍVEL
ou
A FIGURA OUREENSE DO SÉCULO


(...) Nas Seleções, que me irritavam por terem, logo na capa e título, um erro que a língua portuguesa não deveria perdoar, havia, no entanto, secções (ou deveria escrever seções?...) que lia com interesse e talvez algum proveito. À boa maneira norte-americana, o retrato de uma figura importante para um qualquer autor preenchia “O meu tipo inesquecível”. E o dito autor desenhava o retrato de um homem (ou mulher... mas muito menos) de que só havia coisas boas a dizer, mesmo que algumas fossem ternamente malandras. Uma humanidade a deitar por fora, e nem sempre a soar a verdadeira!
Pois bem, ao longo da minha vida fui encontrando alguns “tipos inesquecíveis”. Lembrei-me disto porquê? Porque se está agora numa onda semelhante, com a procura de quem é o “tipo inesquecível” do século. Então, porque não “entrar na onda” e procurar quem teria sido a figura oureense do século.
Para mim, que muito vivi do século – do que já passou e espero ainda viver dos mais de onze meses que ainda faltam para ele acabar –, para mim, sem hesitação, essa figura, “o meu tipo inesquecível”, foi Artur de Oliveira Santos.Aliás, Artur de Oliveira Santos começou o século, embora ainda muito novo, já como uma figura marcante na sociedade de Ourém enquanto destacado propagandista republicano, muito activo, com uma intervenção permanente, sobretudo no campo da imprensa.
Esta breve nota biográfica (minha ou de Artur de Oliveira Santos?!) não pretende mais do que prestar testemunho e homenagem. A figura de Artur de Oliveira Santos merece uma investigação bio-bibliográfica séria, exaustiva, e não está entre as minhas formações, experiências e vocações esse tipo de trabalhos.
De qualquer modo, impressiona pegar em velhos jornais – em A Voz de Ourém, de 1908! – e ver o nome de Artur de Oliveira Santos, então talvez a rondar os 30 anos, na ficha técnica, como director, e encontrar, na última página, um anúncio de um quarto de página de uma oficina e estabelecimento de funileiro, com o nome de A Social e a propriedade de Artur de Oliveira Santos.
Tive o privilégio de conviver com Artur de Oliveira Santos, que morreu quando eu tinha perto de 20 anos. Encontrava-o em todas as iniciativas dos oureenses residentes em Lisboa, onde o meu pai me começou a levar... antes mesmo de ter nascido.
Assim fui conhecendo algumas histórias da História, por vezes por pergunta directa de um miúdo atrevido e sempre recebido com grande carinho. Histórias dos primórdios da República, histórias de Fátima, histórias da guerra civil de Espanha (onde, como enfermeiro, socorreu muitos combatentes), das prisões, dos tempos de fuga e esconderijo, da solidariedade de tantos oureenses que o acolhiam e até tinham divisões das suas casas adaptadas a “esconderijos para o Artur”. E li muito artigo, quer por si assinados, quer sob o pseudónimo de João de Ourém, revelando todos, mesmo aqueles em que aparentemente mais valorizava a polémica, um conhecimento da história de Ourém, uma cultura, uma preocupação pedagógica, um “amor pela terra”, que muito me ajudaram a construir essa imagem de “meu tipo inesquecível”.
E de figura oureense do século XX!
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da página 57 de Nos 50 anos da Casa de Ourém, 10º almoço dos oureenses em Lisboa, 18.06.1944 (posso identificar, quase um a um, AOS é o primeiro sentado no lado direito, e estou entre ele e a minha mãe):
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