Com a devida vénia e saudações de gratidão reproduzimos da BIBLIOTRÓNICA PORTUGUESA -
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Nova reedição: Maria, de Bernardino Machado
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Numa altura em que as eleições presidenciais estão na ordem do
dia, a Bibliotrónica Portuguesa publica a reedição de um texto autobiográfico
de Bernardino Machado, que foi duas vezes eleito presidente da República
Portuguesa.
Maria, publicado em 1921, é o testemunho de um pai sobre uma filha
muita amada e perdida para a morte. Mas é também o testemunho de uma figura
pública do início do século XX sobre a sua intimidade familiar e até sobre a
própria consciência (marcada pelo remorso) do (des)equilíbrio entre vida
pública e vida privada. Sem deixar de ser uma reflexão de um professor da
Universidade de Coimbra, doutorado em Filosofia.
E sendo tudo isto, é ainda um documento para a história da
cultura, onde podemos encontrar a idealização da figura feminina no papel de
filha, os hábitos da vida privada familiar da classe mais alta e instruída, a
história do mundo (o relato na primeira pessoa dos bombardeamentos de Paris
pelas tropas alemãs) e a história de uma viagem no início do séc. XX (Paris,
Madrid…).
O leitor interessado nestes assuntos ver-se-á servido por um
texto onde o domínio da língua portuguesa se mostra com uma mestria e
elegância, que são, em si mesmas, um documento cultural.
Mas o livro que agora se reedita é também um documento
interessante para a história da edição de originais em Portugal. Estando datado
de 1921, foi publicado no período que se estendeu entre a deposição de
Bernardino Machado, em 1917, pela revolução sidonista, e a reeleição em 1925
para o mesmo posto de presidente da República. Para Bernardino Machado, não
terá sido período de facilidade em fazer aceitar um original para
publicação. Especialmente, um texto de natureza privada, familiar, afetiva.
O livro foi impresso em Famalicão, na Tipografia Minerva, de
Cruz, Sousa e Barbosa, L.da. Os diversos descuidos na disposição do
texto pelas páginas apontam para um trabalho relativamente pobre. O exemplo
mais visível são os numerosos intervalos de uma linha entre parágrafos, que as
editoras da reedição agora publicada decidiram reproduzir, assim como também a
regular marcação de parágrafo com o recuo da primeira linha. Embora a mancha
gráfica resulte estranha, como acontece também no livro-fonte, as editoras
fizeram bem em conservar esta caraterística do livro-fonte, cuja justificação
talvez se encontre no manuscrito entregue para impressão de paradeiro
desconhecido (tanto quanto sabemos).
São outros exemplos de pobreza na execução o desalinhamento das
manchas gráficas de página ímpar e par, as linhas órfãs, a estreita margem
interior… Todo o discurso direto é acomodado no texto sem aberturas de
parágrafo nem travessão; um par de aspas sobre a linha bastam à identificação.
Quem executou a paginação, no entanto, não era totalmente desprovido de
conhecimento na área, uma vez que usa regularmente (mas não sem falhas) o
itálico para marcar títulos de obras, sentidos vocabulares desviados e
estrangeirismos. Ou talvez estivessem já assim marcados no manuscrito. Em todo
o caso, ficamos a saber que, em 1921, ainda se percecionava como estrangeiras
palavras que hoje consideramos nossas: raquette
de tennis; gripe;
vitrines…
Mais uma vez, a Bibliotrónica Portuguesa deve um agradecimento
ao voluntário da Bibliotrónica Portuguesa – Telmo Fonte – a generosidade com
que assegurou a revisão da reedição que agora apresentamos.
1 comentário:
Muito interessante . Gostei muito do site , N conhecia . Fiquei com o registo :))
Beijinho
Muitas saudades
Pl
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