sexta-feira, 26 de dezembro de 2014




Recordando Oficias Republicanos

 1 -  Sarmento Beires


 
Partida de Sarmento Beires para Madrid
10 de Outubro de 1927
 
 
 
 
 



 
 

Julgamento de Sarmento Beires na Trafaria
12 de Junho de 1934

Os presos aguardando a leitura da sentença
Sarmento Beires, Henrique Ribeiro e Domingos Monteiro
 
 
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Major piloto aviador da Aeronáutica Militar, José Manuel Sarmento de Beires

 
Nasceu em Lisboa, freguesia da Lapa, a 4 de Setembro de 1892, sendo baptizado na Basílica da Estrela. Seu pai era o major de Artilharia e engenheiro civil José de Beires, que faleceu em 1909, com 52 anos, e a sua mãe a Senhora Dona Maria do Patrocínio de Castro Ferreira Sarmento de Beires, falecida apenas com 26 anos, em 1895, após o nascimento do seu segundo filho, Rodrigo.
Em 1903 ingressou no Colégio Militar, onde tinha o nº 36. Assentou praça como 1º Sargento-cadete em Setembro de 1909, num Regimento do Porto. Foi nesta cidade, durante a sua infância, que viria a conhecer Santos Dumont, o célebre brasileiro conhecido pelo «Pai da Aviação». Como ele próprio diz: "Foi talvez esse o momento decisivo do meu destino. Foi talvez naquele instante que se radicou em mim o anseio de ser piloto-aviador, para um dia, crente, como era já, no futuro da Aviação, poder voar outros continentes e singrar os céus dos oceanos, que os nossos nautas de Quinhentos haviam desvendado". E, na realidade, assim viria a acontecer. 
Depois de frequentar a universidade para obter os preparatórios para engenharia militar, ingressou na Escola de Guerra, onde tirou o curso dessa Arma (1914-1916). Foi promovido a Alferes em 20 de Maio de 1916 e colocado no Batalhão de Pontoneiros, em Tancos. Em 15 de Setembro apresentou-se na Escola de Aeronáutica Militar, em Vila Nova da Rainha, a fim de frequentar o primeiro curso realizado no nosso país para pilotos militares. Em 2 de Outubro desse ano efectua o seu primeiro voo, com o então tenente Santos Leite, num Farman MF4. A 17 de Abril de 1917 recebe o brevet de piloto civil, que tem o nº 2 do Aero Club de Portugal. Em Julho do mesmo ano segue para França, Escola de Aviação Militar de Chartres, onde foi classificado como piloto-aviador militar. Ingressou depois nas escolas de Chateauroux e Avord, a fim de se especializar em aviões de caça, tornando-se um piloto exímio. Regressa a Portugal em Março de 1919 e é colocado no recém criado Grupo de Esquadrilhas de Aviação «República», na Amadora.
 Beires no seu regresso do
exílio, como Major reformado
Foi o primeiro aviador militar (e civil) a efectuar um voo nocturno em Portugal, em 22 de Janeiro de 1920, durante 1 hora, no campo de aviação da Amadora, sem luz de pista.
Com Brito Pais efectuou a primeira tentativa de viagem Lisboa-Madeira em 1920. Em 1924 efectuou a viagem de Vila Nova de Milfontes a Macau. Foi promovido a Major em 7 de Abril de 1924 e foi comandante do Grupo Independente de Avião de Bombardeamento, em Alverca.
Com esta viagem de Alverca ao Rio de Janeiro, a sua pretensão era realizar a viagem que Gago Coutinho tinha em mente e que não conseguiu realizar: a Volta ao Mundo. Mas as dificuldades surgidas com o hidroavião «Argos», transformou-se na 1ª Travessia Aérea Nocturna do Atlântico.
Por esta viagem, é agraciado com a segunda condecoração da Ordem da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito. 
Fiel aos seu ideais democráticos, não podia alhear-se da vida do povo português, submetida a um regime contrário aos seu ideais políticos. Um ano depois desta viagem chefia um movimento revolucionário, de 20 para 21 de Julho de 1928, que seria malogrado à nascença. Conseguiu evadir-se para França, a fim de continuar a luta, e onde esteve a viver durante algum tempo. Este facto levou-o a perder a condição de oficial e o posto de major, sendo igualmente demitido da Aeronáutica Militar.
 
Regressou a Portugal para ser um dos elementos preponderantes no movimento de 26 de Agosto de 1931, que teve como alvo o Batalhão de Caçadores nº 7, situado mas imediações do Castelo de S. Jorge, em Lisboa. Mas, mais uma vez, o movimento fracassou. Sarmento de Beires passou a viver na clandestinidade até ser preso e encarcerado na Prisão do Aljube, em 1934. Em Junho desse ano foi julgado e condenado a 7 anos de desterro e perda de todos os direitos cívicos durante 10 anos. Começou assim a sua vida errante. Esteve sucessivamente em Espanha e França, seguindo depois para a Indochina (Hanoi), onde procedeu à montagem de aviões Potez 32 ao serviço do marechal Liu-Siang, governador da província de Sze-Tchouen (China). 
Em Março de 1935 resolveu fixar-se no Brasil, tendo passado por Macau e Moçambique. Passou cerca de 16 anos no Brasil, onde foi jornalista, escritor, tradutor, cronista de guerra em várias estações de rádio durante a Segunda Guerra Mundial, além de outras actividades. Tendo sido amnistiado em 1951, após um exílio que lhe depauperou as forças mas não o seu lúcido espírito nem o seu credo ideológico, regressou a Portugal.
Em 1972, graças ao interesse dos seus camaradas da Força Aérea, o Conselho de Ministros, presidido pelo Prof. Marcelo Caetano, resolve, finalmente, repor o bom nome de Sarmento de Beires, integrando-o no Ramo e promovendo-o a Coronel, por distinção. 
Em Fevereiro de 1973, durante as comemorações do cinquentenário da I Travessia Aérea do Atlântico Sul, já bastante debilitado pela doença, foi homenageado na sua residência, em Vila Nova de Gaia. Conseguiu, contudo, sobreviver para ver o movimento triunfante do 25 de Abril, porque aspirara há cerca de 50 anos! Faleceu no Porto em 8 de Junho de 1974.
 
 
 
 
 

Do Dicionário de Maçonaria Portuguesa
 
 
 
 


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