domingo, 14 de setembro de 2014




Bernardino Machado

O acervo Bernardino Machado (Bernardino Luís Machado Guimarães, 1851-1944) foi depositado na Fundação Mário Soares em 2004, por dois dos seus netos: Aquilino Ribeiro Machado e Manuel Machado Sá Marques. É composto por uma enorme diversidade de documentos, desde apontamentos pessoais, monografias, imprensa e caricaturas, destacando-se um importante conjunto de correspondência, familiar e política, com várias centenas de personalidades nacionais e estrangeiras.
A documentação situa-se entre as datas limites de 1860 e 1944 (existindo ainda um conjunto de recortes de imprensa que vão até 1983), embora a maior parte dos documentos digam respeito ao período situado entre 1873 e 1944, anos de vida pública activa de Bernardino Machado. Os documentos posteriores à sua morte são essencialmente constituídos por recortes de imprensa e publicações, reunidos por Manuel Machado Sá Marques.
Embora em estado de conservação satisfatório, os Documentos Bernardino Machado não tinham uma organização estruturada, pelo que foi necessário estabelecer um critério que pudesse ser aplicado a todo o acervo. A opção escolhida foi assim, necessariamente, a de descrição individualizada dos documentos, construindo uma base de dados na qual estes pudessem ser indexados e classificados.
Na construção da referida base de dados foi tido em conta o facto de a intervenção sócio-política de Bernardino Machado atravessar três grandes períodos históricos (Monarquia, República e Ditadura Militar/Estado Novo) e, por outro lado, a especificidade dos tipos de documentos que fazem parte do acervo documental.
Uma parte da base de dados foi destinada a um conjunto heterogéneo de documentos relacionados, directa ou indirectamente, com as actividades pedagógicas, culturais e políticas de Bernardino Machado. A restante documentação que, apesar de abranger estas áreas, apresenta uma importância especial no conjunto do acervo ou tem características muito específicas, foi alvo de tratamento diferenciado.
De acordo com este critério, optou-se por proceder ao tratamento pormenorizado da correspondência, por esta representar o maior conjunto de documentos do acervo. Assim, criaram-se pastas individualizadas para as várias personalidades com as quais Bernardino Machado manteve correspondência ao longo da sua vida.
Da mesma forma, o conjunto de imprensa constante do acervo teve um tratamento específico, dada a sua riqueza, expressa em mais de cem títulos de periódicos/números únicos, alguns dos quais relativamente raros nas bibliotecas portuguesas.
Os manuscritos de Bernardino Machado representam também um volume significativo, constituído por centenas de apontamentos avulsos, essencialmente da época do segundo exílio, nos quais o autor foi registando ideias e opiniões que o foram inspirando na elaboração dos vários manifestos publicados contra a Ditadura. Dado o seu volume e variedade, optou-se por tratar estes apontamentos em conjuntos com uma relativa uniformidade temática, mas que pudessem ser facilmente consultados.


Fundação Mário Soares

Nota biográfica/Institucional

Professor, investigador, académico, jornalista e político, Bernardino Machado é uma figura singular no panorama político português, atravessando o final da monarquia, toda a I República, a ditadura militar e parte do Estado Novo. Nasceu no Rio de Janeiro a 28 de Março de 1851, que deixa, juntamente com a família, em 1860, estabelecendo-se em Joane, freguesia de Vila Nova de Famalicão.
Em 1866 matriculou-se na Universidade de Coimbra, formando-se em Filosofia, tendo cursado três anos de Matemática. Em 1879 ascendeu a lente catedrático de Filosofia. Dedicou-se à Antropologia, introduzindo esta cadeira na Universidade. Cedo se destacou pela sua actividade pedagógica, que o levou a integrar o Conselho Superior de Instrução Pública e a participar em numerosos eventos ligados ao ensino.
Iniciado na Maçonaria em 1874, chegou a Presidente do Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano Unido e a Grão-Mestre de 1895 a 1899.
Iniciou a sua carreira política filiado no Partido Regenerador, fazendo a estreia parlamentar como deputado em 1884. Em 1890 foi eleito, pela Universidade de Coimbra, Par do Reino. Em 1893 foi escolhido para a pasta das Obras Públicas no governo de Hintze Ribeiro, revelando uma profícua actuação.
Em 1903, afastou-se do campo monárquico, aderindo ao republicanismo, sendo, mais tarde, eleito para o Directório do Partido Republicano, de que passou a ser um dos vultos tutelares. Em 1907, tomou o partido dos estudantes durante a greve académica, demitindo-se da Universidade.
Proclamada a República teve uma intensa actividade política, logo desde o Governo Provisório, sobraçando a pasta dos Negócios Estrangeiros, numa conjuntura particularmente difícil, já que era necessário garantir o reconhecimento do novo regime. Foi candidato à Presidência da República, com o apoio do grupo de Afonso Costa, não logrando ser eleito. Foi deputado às Constituintes de 1911, depois senador, e, em 1913, ministro de Portugal no Rio de Janeiro. Regressou do Brasil em 1914 para organizar governo, ao qual presidiu detendo também a pasta do Interior. Em 1915 Bernardino Machado foi eleito Presidente da República, vendo o seu mandato interrompido pelo golpe sidonista, em 1917. Exilou-se então em França de onde regressou em 1919, para retomar a actividade política activa como senador. Voltou a chefiar o governo em 1921 e, em 1925, foi novamente eleito presidente da República, função que desempenhava quando eclodiu o movimento militar de 28 de Maio de 1926.
Expulso do país no ano seguinte, exilou-se em Espanha e, com a derrota da República, seguiu para França, de onde lutou contra a ditadura militar e o Estado Novo, publicando dezenas de manifestos contra o regime. Foi um dos fundadores da Liga de Defesa da República e participou igualmente na organização da Frente Popular Portuguesa. Regressado a Portugal na sequência da queda da França, em 1940, com 89 anos, foi-lhe fixada residência em Vila Nova de Famalicão.
Faleceu no Porto a 29 de Abril de 1944.

Dimensão
Este fundo é composto por 183 pastas de arquivo, o que perfaz, aproximadamente 16.47 metros lineares.

Estado de Tratamento
Parcialmente tratado.
 
 
 
 
 

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