I
O ENSINO E A SUA
IMPORTÂNCIA
SABER É PODER
«Saber é poder; por isso só são fortes as nações
instruídas. A ignorância, eis a causa de todas as misérias: dos embaraços
financeiros, da penúria económica, do amolecimento de costumes. A ignorância
para tudo empobrece o homem: torna-o fraco operário, incapaz de sustentar com
vantagem ou sequer com igualdade a luta da concorrência; torna-o mau cidadão,
que regateia ao Estado as suas dívidas de sangue e de dinheiro; finalmente,
arranca-lhe uma a uma as virtudes morais com que os povos fraternizam na coesão
de uma mesma família. Toda a nação doente é ver que é uma nação ignorante; e
não existe terapêutica eficaz, que não disfarce apenas a moléstia, que a cure
de raiz, nenhuma senão a instrução.
Porque é que o programa político da nossa regeneração
material principalmente bem merece os aplausos públicos? Porque, ao passo que
foi abrindo o caminho dos mercados aos géneros de cada região, ao mesmo passo
tem aproximado os indivíduos mais distantes; e desta vida em comum formou-se
uma escola de mútua aprendizagem.»
“A
Sociedade de Instrução do Porto”, In O
Ensino, Coimbra, Typographia França Amado, 1898; tb. in Affirmações Publicas, 1882-1886,
Coimbra, Imprensa da Universidade, 1888; tb. in Homenagens, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1902.
·
«Aqui me chegou às mãos o seu segundo artigo – O Ideal e a Política.
Não sei o que se possa dizer-lhe da observação, por
onde começa, que muita gente prescinde do
saber e até parece que se dá bem com isso. A pobreza do espírito é uma
bem-aventurança, neste e no outro mundo, mas para quem se coloque num ponto de
vista que não é o seu.
Não penso que a economia do corpo deva preceder a do
espírito. Se não pode! A recíproca é que é a proposição verdadeira. Aquela é,
como diz, a ordem natural, mas só esta é a ordem social. As sociedades não se
eximem, evidentemente, é necessidade natural de comer, mas têm que satisfazê-la
pela sua indústria, pelo saber. Não há outro meio, nem melhor. É tão poderoso,
que se vai tornando cada dia mais difícil computar todas as riquezas que
devemos ao génio do homem, tal a rapidez com que as descobertas e os inventos
se sucedem!
A instrução, tinha-lhe eu escrito, é um capital, o
único que está em nós aumentar indefinidamente; mas os capitais, adverte o meu amigo, sem matéria-prima sobre que operem,
não dão juro. De acordo! Simplesmente a instrução, ao tempo que ministra um
capital, instrumento de trabalho, desenvolvendo as faculdades produtoras do
homem, dota-o com conhecimentos, que são a matéria-prima sobre que opera aquele
capital. Não se referia no seu artigo a esta, mas às matérias-primas naturais?
Não conheço meio de as criar e só a ciência é capaz de as descobrir ou
produzir. A sua frase, o revólver do
capital, a instrução, num vazio moral e crematístico, não representa uma
realidade, porque é como se alguém aventasse que se pode instruir, instruir às
direitas, sem com isso suscitar uma melhor aptidão, uma disposição maior para
praticar actos úteis e bons. Os factos
como os das greves e do anarquismo hodierno no meio da crise industrial da
Europa, só a instrução os poderá remediar; só ela dilucidará a nebulose que um saber incompleto criou em
torno das inteligências proletárias […]
A asserção, o
catecismo vale pouco hoje em si e vale nada ensinado pelo barbeiro da aldeia,
à parte o seu excessivo realismo, enjeita apenas um certo ensino, não
pretenderá concluir contra ambos os ensinos, dogmático e leigo. A consequência
legitima, pelo contrário, [é] a necessidade de reforçar os estudos leigos.
A instrução não é tal hoje em dia fatalmente exterior, formalística. Fatalmente! Mas seria esquecer a
acção renovadora produzida no ensino por uma plêiade de ilustres pedagogos,
seria esquecer os frutos que ainda entre nós se têm colhido dos esforços
empregados para dar vida e animação à escola!
Falta-nos, é certo, nestes nossos tempos de transição indecisa, a fé das idades antigas; mas não desapareceu a fé, não é exacto que
não exista base para a educação moral do
homem, e que somente num futuro, mais ou menos remoto, o racionalismo e várias outras coisas virão a
constituí-la. A base da educação é hoje o que foi e será sempre,
constituem-na as verdades morais, que o tempo acrescenta, porque a moral, como
toda a ciência, está em perpétua elaboração, mas que ele não altera. Diga-me
que o desenvolvimento da moralidade é difícil e lento, mas não o negue […]
Os embaraços económicos das nações ocidentais, cada vez, todavia, mais instruídas, não provam que a instrução não baste para
resolver as questões do trabalho. Assim o tem compreendido essas nações,
empenhando todos os seus recursos para melhorar a educação do trabalhador. Elas
reconhecem que o seu progresso científico ainda não presta a todas as classes,
que a instrução, cujo nível tem subido, considerando-se o mais alto grau a que
atinge, ainda se não propagou suficientemente para aproximar as classes
operárias das classes dirigentes, não aumentou na mesma proporção para umas e
outras o que faz com que, relativamente ao estado das ciências, se tenha de
confessar que o operário não era dantes menos instruído do que é hoje. Eis a
distinção que é necessário fazer.
O aumento
progressivo dos crimes e das doenças de que a instrução, como observa, não é responsável, não prova que a instrução não basta para resolver as questões morais, as questões de carácter. Tais
aberrações, não falando nas causas físicas, que a ciência médica trata de
combater, provém da situação do homem moderno em presença de uma civilização
tão compósita e, por isso mesmo, tão difícil de perceber, que chega às vezes a
transtornar os entendimentos menos sólidos. O grande remédio, como se
depreende, é a instrução.
A desordem
das inteligências não é agravada por um suposto aumento de conhecimentos
desprovidos de critério moral, pois são os próprios conhecimentos que fornecem este
critério. Certamente não se refere a conhecimentos de outra ordem, como quem
alegasse que com conhecimentos de física e química e análogos não se pode
formar a educação moral. Ninguém procura formá-la assim.
A causa dos males sociais do nosso tempo não está no
empobrecimento do velho mundo, que nunca foi tão rico, nem mais ainda na viciosa
distribuição da sua riqueza, que nunca o foi tão pouco. Não quer sem dúvida que
se infira das suas palavras que o nosso século, maravilhoso pelo
desenvolvimento industrial, vale industrialmente menos do que os séculos
passados, produzindo menos e repartindo menos equitativamente os seus produtos.
Sem conchego
do estômago não pode haver paz do espírito. Tem razão. Mas a necessidade tem
sido a mãe de um sem-número de descobrimentos, e nunca no mundo será possível a
toda a gente meditar em plena paz no remanso dos seus gabinetes. De resto, essa
não é propriamente a idade da instrução; importa dar instrução, sobretudo, nos
anos em que os cuidados da sustentação mal pesam sobre o indivíduo. Este é o
tempo de semear.»
“Carta
a Oliveira Martins”, in Affirmações
Publicas: 1882-1886, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1888, pp. 383-393;
tb. in O Ensino, Coimbra, Typographia
França Amado, 1898, pp. 85-95.
·
«Todos falam de ensino, vários o professam, mas poucos
sabem o que ele é. Nem admira, porque, entre nós, ensinam-se já muitas coisas,
mas ainda mal se ensina a ensinar.
Que é o ensino? Vê-se no mais simples exemplo. Vamos
de excursão, e pedimos a uma criança que nos ensine o caminho. Nesse momento, a
criança, para nos assistir guia-nos, dirige-nos com a sua explicação e
conselho. O ensino é uma direcção, um governo.
Não há essencialmente diferença entre ensino e
governo. Um e outro pode ser artístico, industrial ou científico; e, em
qualquer dos casos, deve ser moral, convertendo--se em religioso, económico ou
político.»
«Mas não será dispensável o ensino? Não há tantos
homens que se formam só por si, pela experiência da vida? Não! São muitas as
formas de ensino, oral, escrito, real, prático, e não é preciso ir à aula para
o receber. Não se confunda aula com ensino.
O homem não entra de repente na plena posse das suas
forças, e mal pode passar sem alguém que, durante a sua adolescência, o dirija
na iniciação da vida. As nossas faculdades estão em sucessiva diferenciação e
desabrochamento, principalmente até à idade madura; estão-nos continuamente a
nascer novas aptidões, como que novas faculdades, novos sentidos, novos olhos.
Há uma gestação espiritual, como há a orgânica. Daí a missão protectora do
educador.»
«Sem ensino, e sem a sua difusão por todas as classes,
a civilização redunda contraproducente, porque deixa de estar ao alcance do
homem. O homem fica escravo dela.
Veja-se o que sucedeu com a aplicação do vapor à
indústria. As máquinas distanciaram profundamente o operário – seu serventuário
– do engenheiro, seu dirigente; e, por falta de ensino oficinal que suprisse
essa distância, trouxeram, a par com incontestáveis benefícios, muita injustiça
e miséria, muita perturbação, que só pela escola industrial modernamente se tem
podido combater.»
«A importância do ensino é hoje reconhecida em toda a
parte. Honram-no os principais estadistas, dotam-no ricos e pobres. E do
próprio seio das Universidades partiu uma generosa campanha para se levar o
ensino às classes mais infelizes, aos bairros operários, aos campos e às minas.
Tanto se reconhece o seu carácter de dívida e obrigação moral!
O nosso século é o século da socialização e do ensino.
Se todo ensino é necessário e importante, não pode
deixar de o ser também o do próprio ensino.
As nações estrangeiras há muito que lhe prestam os
máximos cuidados.
Na Alemanha, já no século passado Kant, na sua cadeira
de filosofia professava a pedagogia, e, logo nos primeiros anos deste século,
Herbart estreava-se, como Privatdocent,
tratando da pedagogia. Desde o século passado também que naquela nação se foram
multiplicando os seminários, que como lá se chamam as escolas ou aulas normais.
E hoje há nas suas Universidados cursos de pedagogia regidos por homens tão
distintos como Henrique Schiller e Theobaldo Ziegler.
Em França, já os grandes revolucionários se ocupam de
pedagogia, sendo o professor Lakanal o relator do projecto de criação da
primeira escola normal, a famosa Escola Normal Superior de Paris para o ensino
secundário. A Terceira República, além de acrescentar a essa uma outra para o
sexo feminino – a Escola Normal Superior para o Ensino Secundário da Mulher,
estabelecida em Sévres – organizou, poderosamente a pedagogia para o ensino do
povo, chamando os seus primeiros homens à regência das aulas nas Escolas
Normais Superiores do Ensino Primário em Fontenay-aux-Roses e em Saint-Cloud,
escolas que têm tido, à sua frente, homens eminentes entre os quais lembro com
saudade Pécaut, o venerando educador. Lá preside, ao movimento pedagógico, o
Vice-Reitor da Academia de Paris, o académico Gréard, autor de magistrais
memórias sobre o ensino, ultimamente auxiliado pela poderosa propaganda doutro
académico, o professor Lavisse; lá se criou nos últimos tempos a cadeira de
pedagogia em Paris, na Sorbonne, que foi confiada a Marion e depois a Buisson,
e tem-se instituído cursos pedagógicos nas Universidades de província sob a
direcção de ilustres professores como Compayré, Espinas e Thamin.
Na Inglaterra, a pátria de [Alexander] Bain e de [Herbert]
Spencer, e a antiga pátria de Locke, que tanto influiu em Rousseau, que por sua
vez tanto influiu em Kant, há subsidiadas, pelo Estado, muitas escolas
pedagógicas, lá chamadas traning colleges;
e já, em 1891 James Sully propôs à Universidade de Londres a colação de graus
pedagógicos.
Nos Estados Unidos, além de todas as escolas normais,
há nas Universidades cursos e até verdadeiras Faculdades de pedagogia, com
bacharéis e doutores. Numa, na de Stanford, há mesmo anexo um laboratório
experimental com crianças de 2 a 12 anos, o qual tem com o ensino pedagógico,
diz o Sr. Barnes na Educational Review
(citada pelo Sr. Compayré) as mesmas relações que o hospital com o ensino
médico.
Junto a nós, aqui mesmo em Espanha, os principais
professores, à frente dos quais o meu querido amigo D. Francisco Giner [de los
Rios], em quem me inspiro também, procuram dirigir o ensino nacional.
Em Portugal, a pedagogia apenas se esboça nas escolas
normais primárias. A lei já exige provas pedagógicas dos candidatos ao
magistério secundário, mas ainda não há onde eles se preparem para as dar. Em
todo o ensino sente-se a deficiência de habilitação profissional.»
“Conferências
de Pedagogia. Notas. Lição Inaugural”, In Universidade
de Coimbra: curso de pedagogia: notas, Coimbra, Imprensa da Universidade,
1900; tb “Conferencias de
Pedagogia: notas”, in A Universidade de Coimbra, 2.ª ed., Lisboa,
Editor-Proprietario, Bernardino Machado, 1908.
·
ENSINO E PROGRESSO NOS PAÍSES
CIVILIZADOS
«A grandeza material e moral dos Estados Unidos e da
Suíça assenta, firmemente, na larga base duma sólida educação nacional. O
exemplo da Alemanha, tantas vezes citado, é na verdade empolgante. Depois do
desastre de Iena e da paz de Tilsit [1807], a Prússia, esquartejada, parecia
não ter vida para muito tempo. Mas ouve-se a voz do filósofo Fichte nos seus Discursos à nação alemã, chamando-a ao
cumprimento dos seus deveres educativos; a sua palavra ressoa em todos os
corações, e, do alto do trono, a rainha Luísa, tão desditosa como simpática,
presta todo o seu concurso a esta campanha patriótica. Cria-se a Universidade
de Berlim, como um centro potente de ideias e de civismo, e como consequência,
de vitória em vitória, a Prússia conquista a hegemonia da Alemanha, e torna-se,
finalmente, na grande potência continental e colonial que a todos hoje causa
admiração.
Não são menos eloquentes também os exemplos das duas
outras grandes nações europeias, a França e a Inglaterra. Como é que a
República francesa se levanta de grande desastre de Sédan? Sangrando ainda, faz
todos os sacrifícios para o fortalecimento do ensino. Legisla um ensino
primário leigo, gratuito e obrigatório; cria os liceus femininos; dá maior
autonomia às suas Universidades; e das bancadas escolares saem as novas
gerações, que vão tornando, cada vez mais forte e respeitada, a França, aliada
hoje dum grande império, requestada por todas as outras nações, novamente
grande potência colonial com largo domínio na África e na Ásia. E é tal a
importância que ali se liga ao ensino, que agora mesmo é neste terreno que a
França republicana tenta descarregar os últimos golpes na mais antiga e na mais
perigosa de todas as reacções, a reacção clerical.»
“Governo
e Ensino”, in Da Monarchia para a
Republica: 1883-1905, Coimbra, Typographia F. França Amado, 1905; tb. in Conferencias Politicas, Coimbra,
Typographia Democrática, 1904.
·
«Não basta fazer obras públicas, abrir estradas,
lançar pontes, melhorar os portos, quebrar, em suma, todos os obstáculos
físicos que entravam a circulação dos produtos e a aproximação dos povos; tão
pouco basta abolir todos os privilégios e monopólios que embaraçam e oprimem a
liberdade humana e associar os cidadãos na mais perfeita solidariedade por meio
de leis sábias e justas. Essas facilidades da vida, sem dúvida preciosas, não
passam ainda assim de condições externas da prosperidade. É excelente que nem a
natureza nem a sociedade oponham resistência à legítima expansão das forças
individuais; mas o principal é a acção dessas mesmas forças, é a capacidade de
cada um para o trabalho. Ora, o trabalho científico, artístico ou industrial,
reveste nas sociedades modernas formas tão compósitas, que exige, de quem
pretende exercê-lo, um aprendizado, dia a dia mais longo, sob pena de condenar
o espírito a um estéril automatismo.
É esse aprendizado o que, fundamentalmente, nos falta.
Nós, se não extraímos nem valorizamos as abundantes riquezas que se encerram
neste abençoado solo, é que estamos tão incultos como ele; se não possuímos uma
arte nacional, é que mal sabemos discernir as belezas da nossa terra e da nossa
história, e raros são os que entre nós prezam as letras vernáculas e contemplam
com emoção as cenas do nosso viver; se não contribuímos com a mínima quota
parte para o progresso científico, é que conhecemos tão pouco as nossas coisas,
que das verdades que o vento benéfico da civilização arrasta até nós, nenhuma
implantação fecunda podemos fazer. Não temos nem ciência, nem arte, nem
indústria, porque não temos instrução!
A nossa ignorância apouca-nos e deprime a nossa
originalidade e autonomia. Importamos quase tudo de fora: géneros e utensílios,
gosto, ideias! E o resultado é não só alienarmos a nossa fazenda,
empobrecermos, mas, pior do que isso, desnacionalizarmo-nos, porque nós, que
nos devíamos orientar pelas gloriosas tradições do nome português, estamos hoje
sem pátria espiritual, ou, se a temos, será em Paris, em Londres, em Berlim,
não é entre nós. Assim se vão corrompendo as próprias fontes da nossa
independência. Oxalá nunca desponte o dia em que até a vontade de lutar por ela
nos chegue a faltar!
Não há muralhas que abriguem do domínio estrangeiro,
quando esse domínio tem por si a força, as seduções da civilização. Fala-se
agora muito em proteccionismo; e ainda bem! Mas, se o nosso trabalho não funde
o bastante para as trocas internacionais, que fazer? Fazer como os povos
nómadas, emigrar para países mais abundantes e fáceis? Fraco e sempre lacrimoso
recurso esse! Desgraçadamente, não temos tido outro. Proviesse a nossa
inferioridade das árduas condições do meio que habitamos, e a poder de estudo e
de aplicação vingaríamos dobrar a adversa fortuna; mas todos sabem que não, que
não há sítio do mundo onde seja mais grato viver. Pois, para a rudeza das
nossas faculdades, o remédio é obvio! Debalde fecharemos as portas aos produtos
de fora. De lá virão ter connosco os produtores em pessoa, e a luta pela
existência travar-se-á não menos áspera sobre o nosso próprio torrão, a não
pautarmos também pelo nosso atraso a admissão dos estrangeiros, o que seria
insensato. O remédio único é, evidentemente, a educação. Ou desconfia alguém da
nossa capacidade? Eu, quando reflicto nos inigualáveis dons nativos que a nossa
gente adiu em herança dos seus heroicos antepassados, como ela é boa de
dirigir, tão inteligente e afectiva, sofredora até ao sacrifício, não sei
realmente como hei-de qualificar a impiedade com que imprevidentemente a vão
deixando decair ao desamparo os mesmos que tem a seu cargo as mais altas
magistraturas sociais!
Dir-se-á, talvez, que é lenta a acção educativa, e que
as dificuldades em que nos debatemos, não permitem delongas. Mas onde há-de ir
desencantar-se a vara mágica que transmude de súbito a nossa situação? Depois,
o ensino não é só de crianças e de adolescentes, é também de adultos; e nada se
aperfeiçoa mais rapidamente do que o espírito humano. Nós em poucos anos da Escola
de Sagres nos habilitámos para os nossos épicos descobrimentos!»
«A instrução é a verdadeira salvaguarda nacional, e a
mais económica. Vejam a Suíça, como assegura a defesa dos seus lares, sem se
esgotar, como nós, pela sustentação dum exército permanente. Guarnece o seu território
à força de instrução!»
“Necessidade de
Desenvolvimento da Instrução”, in Affirmações
Publicas: 1888-1893, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1896; tb. in O Ensino, Coimbra, Typographia França
Amado, 1898, pp. 95-105.
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