quinta-feira, 1 de agosto de 2013



Recordar a Professora Carolina da Assunção Lima  -  II
Correspondência com Bernardino Machado


No Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano, realizado em Madrid, durante as comemorações do quarto centenário do descobrimento da América, realizado em Outubro de 1892, Carolina da Assunção Lima apresentou a comunicação  -  "Anotações à Instrução Primária Feminina em Portugal", que está editada pela Imprensa da Universidade.


"Carolina da Assunção Lima, que participou no Congresso Pedagógico Hispano-Português-Americano, realizado em Madrid, em 1892, posicionou-se ao lado de Emília Pardo Bazán, que encabeçou a mais radical das posições sustentadas na secção sobre "Educação da Mulher". A tese que subscreviam, apoiada na generalidade por Concepción Arenal, favorecia as reivindicações femininas em prol do direito das mulheres a acederem a todos os níveis educativos e a todas as actividades profissionais. Esta tese saiu vencida (260 votos) em favor de uma outra posição mais moderada (290 votos) apoiada, por exemplo, por Alice Pestana (Caïel), que aceitava o trabalho feminino realizado fora de casa apenas como um mal menor e condicionava o acesso das mulheres a determinadas profissões. Carolina da Assunção Lima, apesar de atribuir às mulheres a tripla missão de "filha submissa, esposa dedicada e mãe carinhosa", valorizou a sua realização pessoal através da liberdade de se instruírem e de se qualificarem  para o desempenho do "emprego que for da sua escolha e para que tenham vocação". Este posicionamento aproxima-a do postulado de Concepcion Arenal de que o trabalho conferia estatuto de pessoa, tanto aos homens, como às mulheres, que, sem ele, se veriam reduzidos/as a coisas. Ana de Castro Osório e, sobretudo, Maria Veleda foram mais arrojadas na defesa da instrução e da actividade profissional femininas como factor de autonomia e de realização pessoal. Ana de Castro Osório, adepta da igualdade de direitos entre os dois sexos, do sufrágio feminino restrito e do divórcio, não restringia a existência feminina ao seu papel de esposa e de mãe e realçava a valia da componente educativa para a inserção profissional e consequente independência económica das mulheres. Entendia, porém que algumas profissões se coadunavam melhor com as suas apetências naturais, como era o caso do ensino, ou da enfermagem. Trabalhando em creches e escolas infantis, as jovens solteiras – "não as casadas, que têm a sua vida, os seus filhos, os seus encargos" – podiam aprender e treinar o seu futuro papel de mães educadoras. Ana de Castro Osório argumentava que muitas mulheres teriam de permanecer solteiras e sem filhos, pois as estatísticas mostravam que o sexo feminino era mais numeroso que o masculino, para além de que muitos homens não estavam dispostos a casar-se. No horizonte das suas proposições estão as mulheres da "classe média, a mais numerosa e nacionalizada", porque considerava que nem o operariado, "caminhando revoltoso e tumultuosa mente para o futuro", nem a população rural, "muito perto ainda do primitivismo animal", nem a alta burguesia e a antiga aristocracia, "despaísadas pela educação e pela existência só de luxo e egoísmo", poderiam comprovar a proficuidade das mães educadas e instruídas." - Do trabalho de Maria Teresa Valente Pinto - "A formação profissional das mulheres no ensino industrial", editado pela Universidade Aberta.
A investigadora Maria Teresa Valente Pinto escreveu para o "Dicionário no Feminino" o artigo "Ensino industrial feminino oitocentista".

Correspondência com Bernardino Machado:

 


 

 

 


 

 


 

 







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