sexta-feira, 12 de abril de 2013






Recordar JOSÉ FALCÃO!

Já em anreriores blogues nos temos referido à figura veneranda de  José Falcão  -  clicar aqui e aqui.

Reproduzimos uma interessante carta de José Falcão para Bernardino Machado (Espólio BM - Casa Comum  - Fundação Mário Soares  - clicar aqui), ambos professores catedráticos da Universidade de Coimbra. José Falcão regia a 5ª cadeira de Matemática, frequentada pelos alunos do 4º anos  -  "Descrição e usos de instrumentos ópticos. Astronomia prática.", e dirigia o Observatório Astronómico de Coimbra.

Desejamos tambem transcrever um texto de José Falcão sobre a "Comuna de Paris", que retirámos do "Almanaque A Vitória da República" de 1895.














           Meu Querido Machadinho
      Coimbra 9 de Maio de 1890

   Uma bronchite teimosa tem sido a causa de eu lhe não ter agradecido. Recebi o folheto, que li com profundo interesse pois que veio no momento em que eu acabava de ler as explorações de Wissman e Pogge, a que o folheto largamente se refere. Todavia o livro que eu queria conhecer não era aquele: era a obra do mesmo auctor, em que elle dá conta da sua missão na Lunda, mas, segundo vi no interessante folheto, essa obra ainda não está publicada.
   Li nos jornais que o Vilhena se ia ocupar largamente de Africa; se o meu amigo é das relações d'elle, aconselhe-o a ouvir o auctor do folheto que de certo lhe dará valiosos auxilios para adquirirmos e consolidarmos um dos mais ricos quinhões do continente africano: a região da Lunda, uma das mais ricas e formosas de Africa, em contacto com a provincia de Angola, tendo por visinho a norte e leste o inoffensivo estado do Congo, é uma presa fácil  por ora livre de complicações; digo por ora, porque se nos descuidarmos, os ingleses hão-de penetrar pelo sudeste, e fazem o que fizeram no Nyassa.
   É tambem de importancia capital ocupar o planalto do Bihé e a região que dahi se estende ao alto Zambéze: a empresa para nós é facil e barata, mas se nos descuidamos , perdemos toda a possibilidade de crear um vasto imperio africano, onde abundam os logares proprios à colonização da nossa raça. e onde os nossos filhos poderão encontrar uma vida farta, que a burocracia indigena, anemica e faminta, nunca lhes poderá offerecer.
   A sua nomeação pelo Collegio Scientifico não tinha oposição, a não ser da imbecil politica progressista, e de algum solitario invejoso, a quem o excesso da propria inveja inutilizava.
    Adeus, meu querido Bernardino e mande sempre o
               seu amigo
                                                          Jose Falcão 


























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