quinta-feira, 6 de setembro de 2012




Recordar Eduardo Chianca de Garcia

Para António Valdemar, querido amigo, com um apertado abraço!

Estive a ler os interessantes textos de Chianca de Garcia enviados do Brasil em 1979 e publicados no Diário de Lisboa numa série intitulada   -  "Os Verdes Anos da República de 1910".  São lembranças da 1ª República, onde nos recorda os "rapazes do grupo 14 de Maio", e que são acompanhadas por desenhos de Carlos Botelho.






Os artigos sairam aos sábados, de 6 de Outubro de 1979 a 12 de Julho de 1980, e encontram-se no portal da Fundação Mário Soares  -  Arquivo & Biblioteca Online  -  Periódicos - Diário de Lisboa - clicar aqui



Chianca de Garcia (1898-1983)

"Chianca de Garcia começou por se dedicar ao teatro, mas em 1928 juntou-se a António Lopes Ribeiro e Boto de Carvalho para fundar a revista de actualidades cinematográficas "Imagem", de que mais tarde haveria de ser director.
O seu primeiro filme data de 1930 e intitulava-se Ver e Amar. Tendo por "pano de fundo" o teatro de revista, em que a música tem papel preponderante, a exibição era parcialmente acompanhada por discos tocados em gramofone. Obviamente favorável ao cinema sonoro, Chianca de Garcia será um dos fundadores da Tóbis Portuguesa, que, em 1933, está apta a realizar filmes sonoros. O primeiro deles, A Canção de Lisboa, terá aliás em Chianca de Garcia o conselheiro técnico.
Em 1936 realiza O Trevo de Quatro Folhas, comédia sobre um confusão de identidades, protagonizada por Nascimento Fernandes, um actor com carreira sólida no teatro mas que desde cedo se mostrou cativado pelo cinema, e Beatriz Costa, a primeira figura feminina de A Canção de Lisboa, que Chianca convidaria posteriormente para protagonizar o seu melhor filme, Aldeia da Roupa Branca (1938). Ambientado na atmosfera rústica da chamada "região saloia" (ainda que a rodagem fosse integralmente feita junto aos estúdios da Tóbis, numa "aldeia cenográfica" construída para o efeito), A Aldeia da Roupa Branca revela alguma influência do cinema soviético a nível da descrição das situações de conflito (a oposição entre o mundo rural, simples, e um certo capitalismo industrial, ingénuo, mas apresentado de forma alegórica) e também da montagem, constituindo uma das obras do cinema português com melhor harmonia entre as componentes artística e técnica.
Ainda em 1938 roda A Rosa do Adro, um clássico da literatura portuguesa do séc. XIX, da autoria de Manuel Maria Rodrigues que havia já merecido uma adaptação cinematográfica na época do cinema mudo. Da versão de Chianca de Garcia sobressaem especialmente as actuações de duas famosas actrizes de teatro, poucas vezes cativadas pelo cinema: Maria Lalande e Adelina Abranches.
Em 1940 Chianca de Garcia parte para o Brasil, onde virá a radicar-se. Aí realizará Pureza (1940), a partir da obra homónima de José Lins do Rego, em que o grande actor brasileiro Procópio Ferreira desempenha o papel dum guarda de estação numa comunidade do sertão, de seu nome Pureza, e 24 Horas de Sonho (1941), uma comédia com argumento do conhecido dramaturgo brasileiro Joracy Camargo.
Chianca de Garcia afasta-se do cinema e assume as funções de director artístico do Casino da Urca, famosa sala de espectáculos do Rio de Janeiro onde, num ambiente de paz, em plena Segunda Guerra Mundial, actuariam nomes famosos do music-hall internacional, entre os quais Beatriz Costa, que, entretanto, também se havia radicado no Brasil. Chianca vai ainda ser um dos pioneiros da televisão brasileira, enveredando depois pelo teatro (como autor) e até pela música, ao assinar as letras de vários sambas, alguns dos quais são hoje considerados clássicos do género.
A ligação a Portugal (a cujo regime ditatorial se oporia sempre) seria retomada nas décadas de 60 e 70 através de crónicas enviadas do Brasil para o Diário de Lisboa."
Autoria: Alcides Murtinheira  -  CENTRO DE LÍNGUA PORTUGUESA / INSTITUTO CAMÕES na Universidade de Hamburgo - Centro de Língua Portuguesa em Hamburgo : Núcleos Temáticos : Cinema Português : Realizadores : Chianca de Garcia


Para ler os textos clicar por duas vezes sobre as imagens. Para este blogue digitalizei os tres primeiros artigos.




























1 comentário:

Anónimo disse...

Boa. Beijinhos
Rita