Para o Lino, com um abraço apertado e do coração!

Ontem, em conversa, sempre rica, dizia-me o meu bom e querido amigo Lino, a propósito dos escritos de Bernardino Machado, como apreciava o estilo lapidar de redacção. A sua opinião fez-me lembrar o que escreveu meu primo António, e lá fui encontrar nos papeis que ele me enviava, as suas "Notas à margem da Introdução do livro "Bernardino Machado" de A. M. de Oliveira Marques e Fernando Marques da Costa", que transcrevo, juntando uma fotografia do António, com seus irmãos e duas primas.

Notas à margem da “Introdução” do livro “Bernardino Machado” de A. M. de Oliveira Marques e Fernando Marques da Costa, 1978

1. A pag. XVI e a propósito do pensamento de B.M: é-lhe atribuída “muitas vezes”, “uma prolixidade verbal retórica e confusa”. Não posso deixar de discordar. Meu Avô sempre se exprimiu, em todos os seus escritos com a sobriedade, o rigor e a clareza próprias da sua educação de cientista e em particular de matemático, não caindo nunca em repetições ou redundâncias inúteis. Era um espírito cartesiano e a sua prosa tem a exactidão e a economia verbal de um teorema, sem no entanto ser descarnada ou monótona. A elegância decorre em grande parte precisamente da perfeita ordenação lógica do raciocínio. Quando às vezes não é instantaneamente compreensível, não é nunca porque seja confuso, mas porque a forma é demasiado condensada ou subtil para uma leitura apressada. O leitor tem de resto e felizmente ampla ocasião de admirar o estilo lapidar de B.M. nas transcrições em que o volume é rico e que tão bem documentam o vigor e a harmonia do seu intelecto superior.

Porto - Rua da Constituição (à porta do Horto Dias Ferreira) - 1932 - da esq. para a dir. -

Maria Elzira Barros Machado, Maria e Belmira Mendes Machado, António  Barros Machado e
companheiro  não identificado