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Recorte do "Primeiro de Janeiro" - 12.12.1958
Bernardino Machado em 1893
Do texto editado pela Hemeroteca Digital, reproduzimos uma parte.
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http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ABomba/ABomba.htm
<< A BOMBA – A 20 de Abril de 1912 estourava no Porto o primeiro número d’A Bomba, jornal humorístico que, como tantos outros, teve uma duração efémera,desaparecendo com o “10.º Estouro”, a 22 de Junho do mesmo ano. Explicação: a falta de leitores, que teria inviabilizado economicamente a continuidade deste projecto editorial. O fim do jornal, e os motivos, foram até anunciados no último número, o 10.º, na secção dedicada ao “Expediente”:“«A Bomba» suspende neste número a sua publicação. Não é para melhorar, nem
para reaparecer de aqui a cinquenta anos. É, única e simplesmente, para deixar de perder mais dinheiro, falando com as letras todas. O público não se agradou do nosso semanário; nós não quisemos ir perguntar ao público os motivos, nem nos dispusemos a aceitar transigências. Deixámos inimizades, provocámos irritações, mas isso que importa? Atirem-nos de lá pedras iguais e verão onde elas chegam. Aos colegas que connosco permutavam pedimos o obséquio de suspenderem as suas remessas”. Mais esclarecedor era difícil… Dirigiam a “manipulação” d’A Bomba Álvaro Pinto (1889-1957)1, na parte literária, e Cristiano de Carvalho (1874-1940), na artística. O “fornecedor das matérias-primas” (ou seja, o redactor) era Laurindo Mendes, enquanto a “marca da fábrica”, vulgo editor, estava a cargo de Carlos Gonçalves. A redacção do jornal, provocatoriamente intitulada “sede do laboratório”, ficava na Rua da Alegria, 218; a tipografia, na Travessa Passos Manuel, 27. Custava 2 centavos, e explodia regularmente aos sábados, em edições de 8 páginas. Os desenhos principais, a cores, publicados na primeira e última página, saíram quase todos do lápis do director artístico, Cristiano de Carvalho. O seu traço é omnipresente na publicação, dando-lhe um cunho que deixa “antever uma tendência neo-realista”. O resto da colaboração gráfica foi assegurado por Larçam (pseudónimo de António Marçal), M. Pacheco (1888-1961), Almada Negreiros (1893-1970), Gil (a seguir a Carvalho, o mais assíduo desenhador), Manuel Monterroso (1875-1968) e Cristiano Cruz (1892- 1951)...>>
Álvaro Costa de Matos
Lisboa, 25 de Maio de 2011.
Querido Alberto
Gostei muito das cartas e bilhetes postais, que escreveram a Maria Adelaide e a Elzira. E a Manuela que fez à sua pena? Temos tido sempre notícias, e vejo que a doença que o aflige faz alternativas. Não resolveu reunir em conferência o seu assistente com o Gama Pinto? A medicina o aconselhará, mas julgo que há um ponto que exige toda a atenção. A sua imobilização é necessária para o tratamento dos olhos? Tem de sujeitar-se a ela. Mas se as melhoras locais não se acentuam, creio que não pode senão prejudicá-las também qualquer enfraquecimento geral. Não sei o tempo que aí tem. Aqui, apesar do frio e da humidade, a primavera anuncia-se com bela horas de sol.
Mil Saudades. Abraça-os muito saudosamente a todos.
Vigo, 18-3-927 Todo seu
B. Machado
Meu Caro Alberto
Tenho tido sempre notícias, e estamos todos muito esperançados nas suas melhoras. À Rita agradeço deveras a sua carta, e junto no mesmo abraço enternecido pelas suas lembranças os meus queridos netos. Que escrevam sempre. As meninas sobretudo, e em proporção da sua idade, fazem-no já excelentemente. Este exílio custa-me ainda mais, porque imaginei que não teria de sofrer mais nenhum. Estou cheio de saudades. Estamos.
28-4-927 Todo seu
B. Machado
Saudades com os meus votos para as sua melhoras Sua mãe
Elzira
Bayonne, 24-11-930
Meu caro Alberto
Agradeço-lhe enternecidamente a dedicada consulta. Mas acho que nada mais justo do que a homenagem que os seus Colegas lhe querem prestar. E estimo bem que até os meus inimigos lhe reconheçam e considerem os seus sobressalientes serviços e merecimentos. O elevado valor da sua exemplar carreira pública é um motivo de orgulho para toda a nossa família. E oxalá o seu estado de saúde lhe permita voltar ainda ao posto de insigne educador em que tanto tem honrado o magistério português!
Nossas cordiais saudades a todos. Abraça-o
como Todo seu
Bernardino Machado
A Nela continua muito bem.