Do portal do INSTITUTO DE COIMBRA
Bernardino Machado, presidente do Instituto de Coimbra
Eleito sócio efectivo do Instituto de Coimbra em 1873, época em que realizava os estudos de Matemática e Filosofia na Universidade de Coimbra, Bernardino Machado (1851-1944) viria a tornar-se um dos mais emblemáticos presidentes desta academia científica e literária. Começou por ocupar o lugar de vice-director da Classe de Literatura e Belas Artes, entre 1877 e 1880, assumindo mais tarde o cargo de presidente da Direcção do Instituto num período conturbado por quezílias internas, revelando-se uma figura central que, através da sua acção, em muito contribuiu para sanar as discórdias e refazer a unidade deste corpo académico.
Foi eleito presidente em Assembleia-Geral de 26 de Maio de 1896 e, através de sucessivas reeleições, manteve-se no cargo ainda na primeira década de 1900. Destacam-se, durante a sua direcção, a admissão de grande número de sócios, incluindo as primeiras mulheres a fazerem parte desse número (Maria Amália Vaz de Carvalho, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Amélia Janny, Domitilla Hormizinda Miranda de Carvalho); a cedência por parte do reitor da Universidade de Coimbra de todo o espaço do Colégio de S. Paulo Eremita ao Instituto e a realização de obras nesse mesmo espaço; a criação de cursos para operários; ou a comemoração do Primeiro Centenário do Nascimento de Almeida Garrett.
Livro de registo de matrículas dos alunos dos cursos populares (1897)
Em paralelo, leccionava na Faculdade de Filosofia, para a qual foi muito cedo nomeado lente catedrático (1879) e onde se viria a tornar professor de Antropologia, cadeira que foi criada por sua iniciativa em 1885. Já depois de cessar estas funções, Bernardino Machado foi eleito sócio honorário do Instituto, em Assembleia-Geral de 14 de Dezembro de 1910. Entretanto, tinha-se desligado da actividade docente em 1907 e partido para Lisboa, onde prosseguiu a sua actividade republicana. Integrou o Governo Provisório da 1ª República, em 1910, chefiou o Governo em 1914 e em 1921, e foi duas vezes eleito Presidente da República Portuguesa, em 1915 e em 1925.
Assinou diversos artigos na revista O Instituto, com especial relevo para os temas da educação, entre eles “O estado da instrucção secundaria entre nós” (vol. 30), “Notas d’um pae” (vols. 43, 44, 46, 47, 48, 49, 50), “Curso de pedagogia” (vol. 47) e “Pela liberdade” (vol. 48).