Intervenções de Bernardino Machado durante a ditadura de João Franco
Discurso no Centro Eleitoral Democrático de Lisboa, no dia 7 de Julho de 1907
No regresso da viagem que fez à cidade do Porto, João Franco é recebido em Lisboa por uma enorme multidão, no dia 18 de Junho de 1907. " Por entre ela , dos seus sequazes civis, só bufos vagueiam; o resto sumiu-se. Dir-se-ia que na capital do reino só tem por si a Municipal e a Polícia. As tropas, no entanto, estão de prevenção nos quarteis. O comboio presidencial é retido em Campolide. O povo é desalojado da gare do Rossio, expulso da Estação à coronhada e a tiro. Então avança. Na solidão da gare, o ditador procura orientar-se: Sai à plataforma, hesita... A Polícia está lá em baixo, acutilando, e a Guarda faz, mais de largo, barragens de fuzilaria. O ditador decide-se - salta para a carruagem, que galga, a toda a brida, a calçada do Carmo... Está salvo! Na sua residência da rua da Emenda, João Franco indigna-se contra o pânico do cocheiro, que se tomara de pavor. Ele não, ele queria atravessar a multidão-repelida pela Guarda, varejada pelas balas-a passo! Conta Rocha Martins: <<...increpava os colegas do ministério, e soltava a sua frase condenatória e de tristeza: - Meteram-me num monte de trampa! É isso; é isso... - e batia o pé, ante os ministros, sucumbidos.>> Ninguém, por misericórdia, o levou para uma casa de saúde. Quem fora para os hospitais, fora o povo; quem fora para a morgue, fora o povo...Feridos e mortos imolados à loucura, caracterizada, do chefe do governo! E no Porto atulhavam-se os cárceres: levas de centenas de homens passavam na rua, entre tropa, a afundar-se nos porões das presigangas ou a asfixiar nas casas-matas dos presídios. E, como não o levaram para Rilhafoles, João Franco foi para o Paço Real. E propôs a D. Carlos que, imediatamente, se enviasse para o Diário de Governo o decreto que liqidava os adiantamentos e aumentava a lista civíl! " (Lopes de Oliveira - História da República Portuguesa).
A Ilustração Portuguesa, nº 71, de 1 de Julho de 1907, publicou imagens dos tumúltos de Lisboa:
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