sexta-feira, 7 de agosto de 2009





Bernardino Machado e o ensino dos cegos e surdos-mudos



Para a Dra. Manuela Muñoz Cardoso


Quando, há um certo tempo, fui obrigado a socorrer-me dos cuidados médicos do Hospital de Santa Cruz, tive o agradável prazer de conhecer a Dra. Manuela Muñoz Cardoso, distinta técnica de saúde daquele estabelecimento hospitalar, e bisneta do professor Paul Renée Anicet Fusillier. Lembrámos os nossos antepassados e trocámos recordações. Fiquei, então, a saber as estreitas relações entre ambos; meu Avô foi padrinho do casamento de Anicet Fusillier com a Senhora D. Maria Leopoldina Ferreira Cidade, em 1893, quando era Ministro das Obras Públicas. Depois do falecimento do professor Fusillier, em África, no ano de 1899, a sua Viúva e filha Hermínia, continuaram a conviver com meus avós e filhos, e quando da ida para o Brasil, em 1912, meus avós entregaram o governo da casa na Rua Ponta Delgada à sua Amiga Maria Leopoldina.
Encontrei, então, ao consultar a correspondência de minha Mãe, fotografias e muitos postais de sua Amiga Herminia.
Todos estes factos levaram-me a conhecer a notável actividade de Anicet Fusillier no apoio e assistência aos surdos-mudos e tudo o que se fez no periodo em que Bernardino Machado ocupou a pasta do Ministério das Obras Públicas, em 1893.


Do livro de meu tio António - "Bernardino Machado - Memórias", transcrevemos os seguintes parágrafos do capítulo - "O Ministério de 1893".
"Bernardino Machado reuniu, então, em volta de si um escol de trabalhadores, de professores e técnicos, que o ajudaram a levar a bom termo as suas iniciativas ministeriais. Sabia escolher os colaboradores e punha sempre em destaque os seus serviços e talentos, e, por isso, eles lhe eram extremamente devotados.
Entre os professores do ensino técnico lembramo-nos particularmente de dois italianos, de mestre Cristofaneti e do bom e simpático Ianz, que, com o bondoso Aniceto Fusilier, tanta diabrura nos aturou."...
"O carinho por todos os desprotegidos da sorte levou meu pai a interessar-se também, já nessa altura, pelo ensino dos surdos-mudos e dos cegos. Por isso, eram habitués da nossa residência em Belém o professor francês Aniceto Fusilier, a quem já aludimos, e o Dr. Mascaró, inventor dum novo processo para leitura de cegos e videntes, como pitorescamente dizia."...
"Outro personagem que recordamos é Lobo de Miranda, o cego, cuja nomeação para professor primário foi devida à intervenção de meu pai, que reconhecera as suas excepcionais faculdades de inteligência."...






Bernardino Machado com Herminia Fusillier



Na casa da Cruz Quebrada, em 1911, minha mãe (Rita), Herminia Fusillier e minha tia Elzira Machado; na janela meu tio Bernardino.


Fotografia oferecida a meus pais, depois do seu casamento, por minha tia Jerónima, Herminia Fusillier, e minha tias Joaquina e Maria.

2 comentários:

pn disse...

Caro Sr. Dr. Sá Marques:

Creio-o de Vila Nova de Paiva, de onde é oriunda minha mulher.
Conheço-o de vista, do dia da traslsadação para o Panteão dos restos mortais do Escritor. (Estava sentado uma fila à minha frente).
Dirijo a revista "aquilino", cujo nº1 saiu em Janeiro deste ano. De periodicidade anual, sairá de novo em Janeiro de 2010.
Quer dar-nos a honra de colaborar com um artigo?
Por favor, peça referências minhas ao Sr. Engº Aquilino Ribeiro Machado.
Parabéns pelo precioso conteúdo informativo de blogue. É a responsabilidade de todos aqueles que têm "uma memória" transmiti-la, partilhá-la e não permitir que, no lodo do esquecimento, se percam notabilíssimos actantes da nossa História e seus feitos (e até defeitos).
Com os meus gratos cumprimentos,
paulo neto
pzarco@gmail.com
ps: caso esteja interessado, enviar-lhe-ei o 1º nº da publicação, carecendo do endereço, que me pode enviar para o correio electrónico supra.

Anónimo disse...

Exmo Snr.Dr.Sá Marques,
Foi com enorme emoção e gratidão que li as alusões feitas, no seu blog, pelo qual lhe dou os parabéns, desde já, à minha querida avó Herminia e ao meu bisavô Anicet Fusillier.Cresci a ouvir as histórias, quase de encantar, que a minha avó me contava sobre as férias em Ponte da Barca, a grande cumplicidade que havia entre ela e as senhoras suas tias e Mãe, o "namoro" com o seu tio Domingos...
Sinto que a minha avó, lá donde está, ajudou a que eu, por mera coincidência, ou talvez não, conhecesse o Sr.Dr., no meu local de trabalho. Foi um circunstância muito feliz, para mim, pois, a familia Bernardino Machado, esteve, sempre, no meu subconsciente.
Agradeço-lhe mais uma vez e sempre a amizade que me dedica e que é, totalmente retribuída.
Os meus cumprimentos,
Maria Manuela Fusillier Castello Muñoz Cardoso